O cravo comeu a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu cansado
E a rosa descabaçada.
O cravo ficou doente
A rosa foi visitar
O cravo quis um boquete
E a rosa pôs-se a chupar.
O cravo comeu a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu cansado
E a rosa descabaçada.
O cravo ficou doente
A rosa foi visitar
O cravo quis um boquete
E a rosa pôs-se a chupar.
Do brilhantíssimo blog Overheard in New York, um diálogo entreouvido na Union Square:
Mulher 1: “É bem pequenininho, mas o sexo é maravilhoso.”
Mulher 2: “Quer dizer que ele é rico?”
Mulher 1: “Isso. Exatamente.”
Um amigo entrou numa fria.
Estava saindo com uma menina de seus 20 anos, 10 a menos que ele.
Até o dia em que ela veio com aquele papo estranho. Disse que não estava preparada para um relacionamento a longo prazo. Que era muito nova para namorar a sério.
Então esse amigo disse o que 11 entre 10 homens diriam nessa hora:
“Tudo bem, a gente sai sem ser a sério.”
É claro que a menina se revoltou, como se revoltariam 11 entre 10 garotas na faculdade. “Tá pensando o quê? Eu não sou dessas, não!” Ele não conta o resto, mas gosto de imaginar a moça, insultada, levantando-se calada, chapéu à la Ingrid Bergman, abandonando-o de uma vez e para sempre, saindo do bar com a dignidade das grandes mulheres.
(Pode ter sido diferente e ela estava em motel e teve que esperar bufando ele tomar banho para irem embora e ainda lhe pediu que comprasse um sanduíche, mas a minha imagem, cá para nós, é mais bonita.)
Se serve de consolo ao amigo, cumpre notar que a moça já saiu de casa naquele dia com a firme disposição de terminar tudo. Nada do que ele dissesse poderia resolver. Se ele respondesse que queria “namorar a sério”, levaria a mesma tabocada nas fuças. Ela não era muito nova para namorar a sério. Ela era muito nova ou muito velha para namorar com ele.
Mas há algumas lições a serem retiradas desse episódio.
Caso uma garota diga o mesmo para você, caro senhor, não fale nada. Porque qualquer coisa que você disser vai dar em merda. Olhe no fundo dos olhos dela, como se estivesse buscando as profundezas do seu ser, admirando a pessoa maravilhosa, única, especial que ela é. Se maravilhosos nela forem os peitos e a bunda e o remelexo, tire isso da cabeça imediatamente: tais lembranças costumam acarretar reações fisiológicas inadequadas a esse momento. É preciso afetar sinceridade, a mais perfeita, a mais absoluta sinceridade, sinceridade casta como freira feia.
O tal olhar é fácil de fazer. Olhe fixo nos olhos dela e não pense em nada, por desnecessário: ela vai concluir que você está pensando coisas mil em meio a sua dor, talvez indagando-se o que fez para merecer tamanha infelicidade, talvez buscando no fundo dela suas mais secretas vontades, talvez simplesmente arranjando coragem para dizer o quanto a ama. O nada e o infinito são tão parecidos, e a vaidade costuma torná-los ainda mais semelhantes.
Vai parecer que por trás desse olhar que lhe desnuda a alma há algo profundo, denso, misterioso. Provavelmente depois de alguns momentos, confusa, ela lhe peça para falar alguma coisa, porque o seu silêncio digno e enigmático vai despertar, nela, uma sensação incômoda de que está fazendo uma grande sacanagem com um bom sujeito (se não despertar corra, porque ela é uma psicopata e na TPM fica pior); ela vai precisar de alguma palavra sua para achar que está tudo bem.
Se recuse então, porque se você disser que “tudo bem” ela se sentirá desculpada, e se começar a chorar sua dor ela vai achar que você é apenas um viadinho enjoado que merece mesmo ser jogado fora. Portanto diga que não há nada para falar — mas por favor, não insista muito nessa linha ou você vai se ferrar. Quando ela insistir pela segunda vez, e ela insistirá, saia pela tangente. Fuja do assunto e diga que ela é maravilhosa, que é isso e que é aquilo. Elogie o quanto puder. Se for verdade, ótimo: menos um pecado nas suas costas. Mas se não for, elogie do mesmo jeito. Minta. Minta até o fim, sem nenhum pudor. Não tenha escrúpulos em mentir descaradamente. Talvez Deus não lhe perdoe por mentira tão venal, mas se Deus é pai Ele sabe que pecado maior é sair de casa achando que vai cair na putaria e em vez disso levar um pé na bunda.
A partir daí é preciso um pouco de calma. Vai depender dela e de um mínimo de sensibilidade de sua parte. Talvez ela se veja pensando que “tudo bem, talvez seja melhor dar uma chance a ele”. Talvez ela simplesmente vá embora.
Mas as chances são de que ela volte atrás.
Aí você consegue o que queria. Continua traçando a garota, e falando para os amigos: “Bicho, tô comendo uma ninfeta de 20 anos!”. E agora sem o peso de uma namorada.
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Este serviço é uma cortesia da GhostLovers, Inc.
Via nomínimo (de novo), o caso de Cristina Schultz, brasileira que estudava em Stanford e até dia desses ganhava a vida cobrando 1,300 dólares para mostrar a cavalheiros ianques o que é que a gaúcha tem (além de muito silicone nos peitos e botox nos beiços). Por duas horas.
O belo blog Filisteu resolveu fazer da moça um caso de violação da nossa soberania, um motivo para deixarmos fluir nosso antiamericanismo e defender com unhas e dentes nossa pátria ultrajada.
Bobagem.
O problema da moça não vem do fato de ela ser brasileira. Não vem sequer do fato de ela ser puta. Cristina está no xilindró porque não cumpriu uma lei tributária americana, só isso. Mais graves são os casos de brasileiros detidos em aeroportos americanos, de diplomatas tupinambás se humilhando e tirando os sapatos para quaisquer guardinhas de alfândega. Isso vale mobilização e retaliação. O caso da Cristina, não.
Aliás, a celeuma que se criou lá foi por um problema interno, por grupos liberais que querem a descriminação da prostituição e dizem que o problema fiscal é apenas pretexto para o governo arrancar dinheiro da moça. Na verdade, é um monte de gente usando a pobre (quer dizer, pobre não) moça para fazer seus lobbies. Mas isso é problema deles. Não é nosso.
Tentar criar caso por causa de uma moça de vida fácil que não sabe sequer sonegar impostos é jogar o auto-respeito dos brasileiros no lixo. Se olharmos por outro ângulo, o nome de guerra da moça, Brazil, é uma grande sacanagem: ajuda a manter por aquelas bandas a idéia de que brasileira é puta. E ajuda a trazer para o Brasil hordas de operários atrás de meninas de 14 anos nas praias de Fortaleza e Recife.
Quanto à Cristina, olha, a moça estudou direito em Stanford. Deve entender um mínimo de leis americanas. E ainda que não entenda, cobrando quase 4 mil reais por duas horas de sacanagem ela tem condições de pagar o advogado que quiser. Ela se vira, podem deixar. Como diz em seu website, “A geminiana quintessencial, eu sou uma mistura incomum de boa menina bem educada e bachiana-erótica-sensual, com alguma doçura pé-no-chão no meio. Tenho certeza de que você não vai esquecer um minuto sequer passado comigo, e eu espero te encontrar logo”.
Agora, alguém pode me explicar se um diploma em Stanford faz uma noite com uma gauchinha valer 5 mil dólares? Porque se fizer eu vou para Harvard. Já sei até o meu nome de guerra: Male Goat.
Meu Deus. Meu Deus do céu. Onde vamos chegar?
Não que eu seja exatamente puritano. Nem que esteja lá muito preocupado com o jeito como as pessoas aproveitam suas horas diante de computador. Mas que as coisas estão fugindo a qualquer limite, estão.
E a cada dia eu me rendo novamente à evidência de que meu bisavô era um sábio. O velho Valois dizia que “Existe gente para tudo neste mundo. E ainda sobra um para comer merda”.
Do mapa astral de uma amiga:
Impulso sexual propício a satisfazer-se no jogo da conquista e sedução volátil, no vaivém.
Mas não é no vaivém que se satisfazem todos?
Fulana diz:
Eu queria ganhar dinheiro conversando. O problema é que não existe muita gente com saco pros meus assuntos.
Rafael diz:
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!
Fulana diz:
O legal é que eu digito super rápido. Então, daria para atender vários clientes ao mesmo tempo.
Rafael diz:
Ué, faz um MessengerSex. Não tem phone sex? Daqui a pouco os tarados vão pagar pra fazer sexo virtual. Nunca subestime essas coisas.
Fulana diz:
HEHEHEHEHE!!!! Que idéia boa!!!
Fulana diz:
Se bem que eu correria o risco de enjoar de sexo. Principalmente se os caras fossem burrões, se escrevessem muito errado…
Rafael diz:
Enjoa não.
Rafael diz:
Se fosse assim puta não se apaixonava.
Fulana diz:
Ah, mas você acha que eu ia ter algum cliente de alto nível? Até parece! Imagina eu me apaixonando por alguém que escreve: “oi putinha eu sinto uma tezaum enorme por vc. quero tranzar com vc, gostoza.”
Beltrana diz:
Rafa… qual o segredo prum cara se apaixonar? De verdade?
Rafael diz:
Um bom boquete.
Beltrana diz:
Não entendo onde é que eu erro.
Beltrana diz:
hauahuahuahuahuah
Beltrana diz:
não hehehe
Beltrana diz:
pra ele querer que eu seja dele, e de mais ninguém hehehe
Rafael diz:
Ah, aí só dando a bundinha.
Sério? Eu só queria saber o que faz uma pessoa me pedir conselhos a essa altura da minha vida.
Só fui para Curitiba duas vezes em toda a minha vida.
Da primeira vez, há uns 15 anos, participei de um congresso de estudantes.
Fiquei com a impressão indelével de que aquela cidade tinha um povo pernóstico e elitista. Me parecia bonitinha, bem arrumada, talvez arrumadinha em excesso, com uma temperatura agradável no verão (começo de fevereiro, isso). Mas o povo era, como dizíamos, meio seboso. Olhava para a gente com cara de quem comeu e não gostou.
Talvez tenha sido só impressão. Talvez se devesse às roupas de militantes estudantis — o que significa calça jeans, sapatos escangalhados e camisetas com golas inevitavelmente esgarçadas e algum dizer significativo, tipo “Liberdade para Kuala Lumpur” — e pelas caras de fome que todos nós ostentávamos com o orgulho ascético dos que lutam pela liberdade.
Mas com todo o seu esnobismo, Curitiba tinha lá seus eventos realmente interessantes.
O que mais me impressionou naquela viagem foram uns macaquinhos vistos no Passeio Público. Na verdade, um macaquinho e uns macacos adultos. Por alguma razão, o macaquinho tinha caído nas preferências orais de uns macacos mais velhos, que o perseguiam por toda a jaula.
Eu já conhecia a fama de onanistas dos macacos. Mas não sabia desses rompantes de homossexualismo, nem da sua preferência por menininhos. E enquanto os outros congressistas discutiam a salvação do país e os novos rumos do movimento popular na ressaca da eleição de Collor, eu ficava encostado na grade, embasbacado, acompanhando o balé dos macaquinhos gays.
De vez em quando o macaquinho, que gostava muito de ser tão requisitado, cansava daquela brincadeira e fugia dos seus amantes. E as bocas dos macacos, vazias e sequiosas, o seguiam pela jaula, saudosos da virilidade símia juvenil.
Em algum lugar, ali perto, as pessoas discutiam coisas sérias.
Da segunda vez, 8 anos depois, fui gravar um comercial. E então fui extremamente bem tratado, porque as pessoas costumam tratar bem aquelas de quem vão tirar algum dinheiro. Mas não pude ver os macaquinhos gulosos, e a viagem teve um pouco menos de graça para mim.
Curitiba tinha perdido aquilo que a fazia humana.
Chamada de capa da Marie Claire, aquela revista que diz que chique é ser inteligente mas, no fundo, só fala do que interessa a qualquer pessoa com QI de 2,17 – ou seja, sacanagem: 56% por cento das mulheres fazem saliência em lugares públicos.
Deve ser engraçado.
— Olha ali, eles tão cruzando!
— Joga água fria que separa!
— E se engatar?
— A gente espera.
— Ih, sei não. É melhor deixar eles acabarem.
— Mamãe, o que é aquilo?
— O papai tá colocando uma sementinha na mamãe, Pedrinho.
— Eu quero um filhote! Eu quero um filhote!
Manchete de ontem no principal jornal de Aracaju.
Mostra o quão aguerrido é esse povo de Lagarto, cidade do interior sergipano conhecida por sua produção de tabaco (sem trocadilhos, por favor).
Isso inclui as cafetinas, que em defesa do seu ganha pão e do leitinho das crianças irão às ruas clamar, em alto e bom som, pelo direito de alugar o que é delas.
Moças guerreiras, aquelas. E essa é provavelmente uma das manchetes mais engraçadas que eu já vi — se bem que, semana passada, mas sem tanto destaque, o mesmo jornal publicou que “Maconha de Sergipe vem de Pernambuco e cocaína vendida aqui é de péssima qualidade”.
Eu adoro este mundo em que vivo. Cada dia mais.