O Bruno caiu aqui de pára-quedas e deixou um longo comentário a um post, que comento abaixo.
Infelizmente a mídia conseguiu fazer uma lavagem cerebral nas mentes obtusas de muitos desinformados (grande maioria da população) sobre o tema “Igreja Católica, aids e uso da camisinha”. Colocando a Igreja como uma instituição retrógrada e ignorante, ridiculariza-a por ser contrária ao uso dos preservativos. Os chamados meios de “informação” (neste assunto são desinformantes e deformantes), obscurecem os verdadeiros motivos da discordância da Igreja com relação ao uso do preservativo, buscando colocar a população contra a mesma. Iludindo os telespectadores, leitores, etc, dão a entender que a Igreja condena simplesmente o uso do preservativo e nada mais. Ora, por que não entrevistam uma autoridade da Igreja? Por que colocam em um horário de grande pico de audiência alguém capacitado para falar em nome da Igreja?.
Boa pergunta, Bruno. Não sei. Talvez porque, da última vez que colocaram, um padre italiano falou que reprodução assistida é coisa do demônio. Quem sabe?
Mas as pessoas não costumam falar da ignorância da Igreja Católica. Elas sabem que sua postura deriva de um compromisso doutrinário com uma determinada concepção de vida. Elas só chamam de retrógrada, mesmo.
As propagandas e o programa de combate a aids somente fomenta que devemos nos proteger das doenças, do risco de gravidez indesejada. Mas como ficaria os valores morais? Estes não fazem parte das propagandas. O que importa é “se divertir”, é “aproveitar o carnaval” é “curtir a vida” é “não importar de que lado esteja (anjo ou diabo)”, mas com a final frase “desde que use camisinha”. Ou seja, eu usando camisinha eu posso ter uma vida libertina, sexo sem compromisso, tratar as mulheres como objeto, adulterar, etc, pois eu estarei seguro, e é isto que me importa, e o resto que se dane. Quando se entrega o preservativo ou estimula o seu uso é como se dissesse:
_ Você é livre pra fazer o que quiser, use isto (camisinha) assim estará “garantido” a sua segurança.
Se eu usar camisinha eu posso ter tudo isso aí? Libertinagem, sexo sem compromisso, tratar mulheres como objeto? Você promete? Onde é que compra? Posso comprar mais de uma? Posso dar uns tapinhas na bunda, também?
Certa vez pude comprovar a influência que as campanhas têm sobre as pessoas. Logo após receber 2 preservativos da campanha, imediata e pretendidamente joguei-os fora. Vendo o que fiz, uma das pessoas da campanha, em tom ignorante, me perguntou porque fizera aquilo, que o preservativo não era para ser jogado fora, que se eu não quisesse usá-lo que desse a outra pessoa. Disse àquela pessoa que uma vez que os preservativos fossem meus poderia fazer deles o que quisesse, como não preciso deles, os joguei fora. Não dei a outras pessoas para que essas assim como eu não se sentissem pressionadas a usá-los e o que tinha feito somente foi um teste para comprovar o que eu já havia pensado. Recolhendo os preservativos, sem falar mais nada os deu a outro. A atitude dela é apenas o reflexo do que pensa a maioria das pessoas em relação ao uso dos preservativos. Uma vez que eu tenha a camisinha à mão eu tenho que utilizá-la.
Felizmente a Igreja Católica não faz mais com que seus prosélitos queimem hereges e blasfemos. Agora eles simplesmente jogam camisinhas fora. E o tom da moça não foi “ignorante”: foi de incompreensão diante da estupidez. No mínimo da falta de educação.
De qualquer forma, se a simples posse de uma camisinha lhe faz sentir pressionado a utilizá-la, eu fico pensando nas noites em claro que você tem passado em sessões de auto-flagelação, tentando tirar aqueles pensamentos impuros de sua cabeça, tentando domar aquele calor que sobe pelo seu corpo.
Pior: não é nem uma dominatrix que está fazendo essa sacanagem com você. Ui.
Há anos atrás eu lia numa revista adolescente, um rapaz de mais ou menos 16 anos relatando como foi a 1ª relação sexual que teve quando tinha 14 anos, “estava sozinho com minha namorada na casa dos pais dela, lembrei que tinha ganhado do MS 1 preservativo, perguntei a ela se estava afim de transar, ela topou e aí rolou”. Somente pela linguagem, com que este rapaz relata o assunto, já se denota a imaturidade e irresponsabilidade perante o modo com que trata coisas sérias, e pior, as expõe a terceiros. Se esta camisinha tivesse se rompida (o que não é raro), poderia ter havido mais uma criança de 14 anos grávida e talvez até como uma doença sexualmente transmissível. Se este ao invés de camisinha tivesse recebido instrução sobre valores humanos, não teria corrido este risco.
Bruno, senta aqui do meu lado. Está na hora de você aprender uns fatos sobre a vida, que o padre não pode te ensinar.
Em primeiro lugar, não é bem assim que as coisas funcionam, tá? Bem que queríamos: já imaginou você, do nada, dizer para a gostosa à sua frente “olha, tenho uma camisinha, vamos transar?” e ela aceitar? Deus, isso seria o paraíso. Mas não é assim que as coisas acontecem e o rapaz provavelmente omitiu uma porção de detalhes.
Como você é leigo no assunto eu vou explicar.
Normalmente, no caso de dois namorados, é preciso um longo processo para que se chegue a esse momento. Algum tempo de reconhecimento, sabe como é — bem, talvez não saiba.
Primeiro uma mão nos peitinhos, prontamente repelidos. Mas não desista, quem não arrisca não petisca. Continue tentando. À medida que a intimidade aumenta, e com ela a confiança, as coisas seguem seu curso naturalmente. Mãos. Bocas. São adolescentes, é tudo novo, é preciso um pouco mais de tempo, você entende. Até que, depois de dias planejando o que fazer — como aquele apaixonado por uma moça que mora no cu do judas e toda noite aparece na porta da casa dela, dizendo que “eu estava passando por perto…” — ele aparece com uma camisinha, isso depois de saber que a moça está subindo pelas paredes.
Não incluo aqui, claro, os casos fortuitos de sexo casual, libertinagem e etc. Esses só acontecem quando você tem muita sorte. E, claro, quando você tem uma camisinha no bolso, cujo poder demoníaco lhe força a fazer coisas indizíveis e absolutamente indecentes.
Finalmente, como é que o pobre rapaz, ainda virgem e na flor dos seus 14 anos, podia já ter uma doença venérea? Você realmente implicou com o sujeito.
Quando a Igreja exorta a seus fiéis a não usarem camisinha, o que Ela pede aos solteiros é que sejam castos, e deste modo não pratiquem a fornicação, aos casados, o adultério e aos homossexuais o homossexualismo. Do mesmo modo aos casados, Ela pede a castidade conjugal, que não use de maneira descontrolada o sexo com a finalidade somente do prazer, que não tente controlar a vida usando o preservativo como método antincepcional.
A essa altura eu tenho uma grande dúvida e várias hipóteses:
Hipótese 1: Você é casado e só dá no couro da patroa com fins exclusivamente reprodutivos.
Hipótese 1.1: Você teve umas três relações sexuais em toda a vida, porque leite, escola e planos de saúde estão pela hora da morte, e isso é broxante;
Hipótese 1.1.1: Você agradeceu a Deus por ela não ter engravidado em uma dessas e você teve a chance de dar mais uma, que não estava no roteiro, e depois teve que se penitenciar por ter se alegrado com algo tão torpe.
Hipótese 1.2: Você está cheio de filhos e eu quero ser seu amigo, porque você é rico e eu, como disse ao Brigatti, já estou de saco cheio de só ter amigo pobre.
Hipótese 2: Você é solteiro.
Hipótese 2.1: Você é donzelão e vive às custas de muita oração e banho gelado.
Hipótese 2.2: Você é um punheteiro.
Hipótese 2.2.1: Isso aí também não é pecado?
Finalmente, por uma convenção da gramática portuguesa, os pronomes relativos a Deus usam maiúsculas. Os da Igreja, não. Mas parece que para muita gente há uma confusão grande entre Deus e Igreja.
O erro (pecado), não estará no uso do preservativo, mas no motivo porque se usa. Ou seja, se uma pessoa solteira pratica sexo com outra solteira, independente de estar usando ou não camisinha o pecado foi a fornicação. Ou se uma casada tem relacionamento extra conjugal, seja o sexo feito com camisinha ou não o pecado foi o adultério. Quando alguém não tendo domínio de si adultera ou fornica, torna-se necessário o uso do preservativo, não como um método 100% seguro (pois não é), mas com a intenção de evitar um mal maior, como uma doença sexualmente transmissível, e uma gravidez seguida de aborto (observe como um erro conduz a outros).
Vou te dizer uma coisa, Bruno, e não me leve a mal por isso, porque eu só quero o seu bem. Depois de ver as conseqüências terríveis que você inconscientemente associa ao sexo (doenças venéreas, aids, abortos, danação eterna no segundo círculo do inferno), e ver o tanto de culpa que você carrega, eu juro que se fosse mulher ia querer distância de você. Para evitar ser obrigada a lhe colocar um par de chifres na testa. Sabe como é. Eu ia ter necessidades, você entende.
Uma mulher (ou homem) que suspeite que seu (a) cônjuge a (o) esteja traindo tem não só o direito de usar preservativo desde que seja por motivos de preservação da saúde. Como ação primária deve abster-se do sexo e pedir exames que comprovem que seu (a) cônjuge esteja livre de doenças. A Igreja jamais fará campanha a favor da camisinha, pois vão distorcer, e falar que Ela liberou o sexo livre.
E aí, faz o quê? Pede o divórcio?
Ah, desculpe. Esqueci. A Madre Educadora não permite o divórcio.
RESUMINDO:
A Igreja Católica como Mãe e Educadora apresenta o melhor e mais barato programa de combate a todas as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez fora do matrimonio. Este programa é baseado não na distribuição irresponsável de preservativos, mas na educação, valorização da população. Mas a mídia como se fosse o pior vírus, destorce, prestando um grande serviço de desinformação. Culpando a Igreja pela disseminação da aids, ela (mídia) apresenta um programa caro e fracassado. Quem ouve a igreja não adultera, fornica e pratica o homossexualismo, portanto não precisa usar preservativo. Os que não ouvem, pouco vão se importar com o que a Igreja pensa sobre a camisinha. Dizer que a Igreja terá que pedir perdão às vítimas da aids é uma grande hipocrisia.
Certo.
Agora, olha, fala baixo. Porque se você falar muito alto o padre Joseph Smith, daquela paróquia em Boston, vai te ouvir. E aí vai se atrapalhar no boquete que está pagando naquele menininho.
Mas finalmente concordo com você: a Igreja não tem que pedir perdão aos portadores de HIV. Eles deram ouvidos às besteiras que ela disse porque quiseram.
E já que concordamos em uma coisa, e podemos nos considerar amigos, queria te pedir um favor: você conhece alguma freira gostosinha? Me apresenta? Tenho até vergonha de confessar, mas fico imaginando como deve ser, ahn…, educativo bater com um crucifixo na bunda de uma freira, hábito levantado, enquanto… Ah, esquece.
Que tem que pedir o perdão são os que incentivam o “sexo livre” o “aproveitar o carnaval” o “faça sexo seguro” “etc, etc, etc”. A camisinha tem um índice de mais ou menos 83 a 93% de segurança, a castidade que a igreja pede a seus fieis tem 99,9999% (porque nada é 100%) de segurança. Termino com a frase de um padre católico: “A CAMISINHA PREVINE A AIDS, A CASTIDADE E A FIDELIDADE ACABAM COM A AIDS”.
Um dia vão te mostrar as pesquisas que mostram que aqueles que dizem se comprometer a praticar a abstinência têm os mesmos índices de gravidez e doenças venéreas que as pessoas, digamos e sem ofensa, normais. Mas aí você vai dizer que elas não ouviram a voz da Mãe e Educadora.
Em vez disso, ouviram os gemidos, as juras de amor, sentiram o cheiro do suor.
Pobres coitados. Se perderam diante das portas do paraíso. Rezemos por suas almas.