Tiro e Queda, Ano III

O Tiro e Queda, site do qual o Bia, menos que idealizador e um dos principais motores, é o síndico, está completando 2 anos.

O TQ é é uma espécie de tribuna livre de Limeira, cidade do interior de São Paulo. Não é um site político ou literário; é, basicamente, um lugar onde um bocado de gente boa pode falar.

O mais interessante é que nesses 3 anos, pela sua importância no cotidiano da cidade, o TQ já se tornou um referencial, a ponto de merecer citação em monografia e de ser o tema de trabalhos finais de curso. Isso não é pouco. É provavelmente o maior elogio que se pode fazer a uma meio de comunicação (e talvez uma vitória do Bia, que não é bacharel em jornalismo, mas é jornalista).

Criou sua cota de barulho, também. Dá para imaginar a importância que o site adquiriu na cidade; esse tipo de provocação intelectual é importante, principalmente em cidades pequenas.

O que faz a diferença do TQ é a liberdade dada pelo Bia. A Mônica, que escreve quando Deus dá bom tempo, tem um depoimento simples a dar sobre sua experiência no TQ; e as dezenas de outros colaboradores e colunistas podem falar o mesmo.

O Tiro e Queda, que vem se sustentando sem anunciantes ou patrocínio, está precisando de dinheiro. Se você não tem, leia, divulgue. Já é um começo. E mesmo que Limeira não lhe interesse, esse é o tipo de coisa que é sempre necessária. Em qualquer lugar.

O H de Elena

Há algumas semanas postei aqui um link para o site de Elena, uma motoqueira que tirou uma série de fotos da cidade fantasma, dizendo que corria a cidade em cima de uma moto.

Infelizmente, a história era uma fraude, como mostra o blog do Neil Gaiman.

Elena faz um passeio turístico normal, como tantos outros. Motocicletas são proibidas em Chernobyl. Além disso, o site está cheio de erros factuais.

E assim todos os que ficaram fascinados com aquela história caímos num conto do vigário, provavelmente porque estamos sempre prontos a acreditar na beleza trágica das coisas.

A prova de que Rafael Galvão é mau, muito mau

   R    A   F   A   E    L   G   A    L   V    A   O
 82 65 70 65 69 76 71 65 76 86 65 79   – em valores ASCII
   1    2   7   2   6    4    8   2   4    5    2    7    – soma dos números
  _____/ _____/ _____/ _____/
          1                3               5               5            – soma dos números

Logo, “Rafael Galvão” é 1355.

Subtraia 7, o número sagrado dos Illuminati. O resultado será 1348.

Multiplique por 17, o símbolo da dominação — o número agora é 22916.

Adicione 1979, o ano que a Sociedade da Eutanásia Voluntária publicou seu manual do suicídio — o resultado é 24895.

Adicione 93 — o símbolo da doença, escrito ao contrário — e você terá 24988.

Subtraia 1778, o ano em que Oliver Pollock inventou o ‘$’, o símbolo da exploração, sofrimento e injustiça. O resultado será 23210.

Esse número, quando lido de trás para a frente, dá 01232.

No sistema octal é 666. O número da Besta.

Evil Finder

Bruna

A Belle de Jour é o pseudônimo de uma garota de programa inglesa cujo blog ficou famosíssimo. Escreve bem, embora com discrição. Dizem que lhe ofereceram um contrato para publicar um livro. Dizem também que ela é, na verdade, um homem.

A Bruna é uma garota de programa paulistana e tem um blog que só fui conhecer graças à matéria do Felipe Voigt no Tiro e Queda.

A diferença entre os dois textos é imensa. Enquanto a Belle de Jour é literária, sofisticada, e tem uma abordagem mais sofisticada em relação à atividade, a Bruna escreve com menos correção e com menos estilo — mas, ao mesmo tempo, passa muito mais verdade do que as outras.

Se a Bruna é um homem “fantasiando ser puta”, como lhe perguntaram em um e-mail, não interessa muito. O que ela escreve passa verdade, sem frescuras. É uma conversa de uma moça sobre sua vida, só isso — e que faz parecer comum uma vida que pode ser tudo, menos isso.

Como ganhar a vida escrevendo um blog

Jason Calcanis (via Prints the Chaff) descobriu como blogueiros poderão ganhar a vida com o seu “trabalho”.

Ele prevê — na minha opinião acertadamente — que aí por 2006 os blogs mais populares serão escritos por celebridades. Faz todo o sentido. Vem sendo assim desde o início da internet. Lembro de rir, aí por 96, quando amigos programadores falavam em construir carreira como webdesigners; eu achava que não demoraria até que surgissem ferramentas semelhantes ao desktop publishing que dariam o trono aos designers com formação específica. Foi o que aconteceu (o princípio é o que de que é mais fácil dominar técnicas do que desenvolver senso estético). Também achava graça quando via gente falando que aquelas empresas pure play tomariam o mundo; para mim era uma questão de tempo até as grandes empresas tomarem a internet de assalto. E novamente foi o que aconteceu.

Portanto, gente capaz de escrever decentemente e que tenha algum conhecimento de como funciona essa joça finalmente poderá ganhar a vida fazendo o que já faz de graça, e cruzar a linha que no imaginário masculino separa as galinhas das piranhas, aquela que separa amadores de profissionais. Blogueiros podem virar ghost writers e fazer tranqüilamente o seu trottoir nos blogs da vida.

O conselho que o Tom Mangan, do Prints the Chaff, dá é o seguinte: crie um blog sobre sua celebridade favorita. É preciso que seja um excelente blog. Consiga toda a atenção possível. E quando finalmente os representantes da tal celebridade contactarem você, diga que “adoraria fazer isso em tempo integral, mas…” Aí você dá a facada.

Outra alternativa é profissionalizar o esquema ao máximo. Monte uma pequena estrutura com um redator e um bom designer, que entenda bastante de CSS. E então corra atrás de autógrafos de gente famosa, desta vez em um cheque.

Pensando no assunto, cheguei à conclusão de que se as coisas derem realmente errado eu vou apelar para isso. Vou começar com um blog sobre a indústria do cinema pornô. Não tem como não dar certo. Porque se não der dinheiro, dá diversão. Como dizia uma velha música do Kiss, vai ser rock and roll all night and party everyday.

Depois de escrever esse último parágrafo percebi que, desse jeito, ninguém vai me levar a sério. E eu acabo de destruir no berço uma carreira que se prometia brilhante.