carreirasolo reloaded

O carreirasolo, um dos blogs mais interessantes da blogosfera nacional, mudou. O endereço é www.carreirasolo.org.

O carreirasolo traz uma série de dicas para o pessoal que, como o título avisa, se aventura na carreira as vezes doce, às vezes amarga — mas sempre difícil — do que os americanos chamam de free agent.

Pessoalmente, acho que vale também para quem tem um emprego certinho.

Afinal, nunca se sabe.

Balada do Louco

Os comentários maravilhosos sobre os loucos nossos de cada dia me deram uma idéia.

Um blog aberto, em que qualquer pessoa pudesse postar suas próprias histórias de loucos. São narrativas ao mesmo tempo doces e engraçadas. Ou pelo menos enviá-las por e-mail. Um blog sem data, porque a loucura é atemporal. E sem dono, porque pertence a cada um dos que contam as histórias.

O primeiro nome que me veio à cabeça foi Balada do Louco. Porque todas essas histórias, juntas, formam uma daquelas baladas antigas, longas e cheias de peripécias.

É uma boa idéia? Alguém tem sugestões a dar?

Requiescat in pace

A Atlantic Monthly é uma das melhores revistas americanas. E sempre disponibilizou online todo o seu conteúdo, com algum atraso em relação à edição nas bancas. Um preço muito baixo a pagar por alguns grandes textos.

A partir de hoje a maior parte do conteúdo online da AM está restrita a assinantes.

Em tempo: uma edição da AM no Brasil custa quase 40 reais.

A vida é dura.

Porque o Orkut fala português

A notícia vem criando certo orgulho ufanista na internet brasileira: nós, tupinambás, somos maioria individual no Orkut. Talvez não demore até nos tornarmos maioria absoluta, mesmo que 7 vezes mais americanos usem a internet. Seguros de nossa inesperada superioridade, incorporando Davis que venceram Golias numa guerra inexistente, debochamos dos americanos incomodados — infelizmente menos do que gostaríamos — com a inculta, bela e última flor do Lácio.

Mas não é essa a questão.

Enquanto corremos ansiosa e alegremente para simpáticas perdas de tempo como o Orkut, iniciativas conseqüentes e realmente importantes como a Wikipedia, que tem uma versão em português, são o objeto do nosso mais profundo desprezo.

A Wikipedia é uma das melhores invenções da Internet porque usa o poder da rede e da capacidade criadora coletiva para criar um repositório confiável de conhecimento. É uma enciclopédia criada e mantida por usuários. Qualquer um pode escrever um verbete, qualquer um pode revisá-lo, todos podem acrescentar algo. O resultado está se tornando maior e mais abrangente que qualquer enciclopédia em toda a história da humanidade jamais pôde almejar ser. Mas eu não uso a versão em português da Wikipedia porque ela é insuficiente. Não há bastante brasileiros interessados o suficiente em criar, compartilhar e consolidar conhecimento. Se preciso saber alguma coisa, vou direto à versão em inglês.

Preferimos perder tempo no Orkut.

Para nós, a idéia de comunidade é interessante quando significa carnaval. Mas quando o assunto é sério, somos individualistas. Compartilhamos alegremente nosso ócio e nosso lazer. Conhecimento de verdade é outra coisa.

Ultimamente temos falado muito em software livre, em inclusão digital e outras coisas do gênero. De modo geral as pessoas parecem não perceber que a verdadeira vantagem do software livre não é a gratuidade, é a possibilidade de também desenvolvermos tecnologia e sair da periferia. Isso quer dizer produzir conhecimento, e aí a analogia com a Wikipedia é inevitável. Inclusão digital sem acesso ao conhecimento é como dar uma enxada a quem não tem terra. O conhecimento estará restrito àqueles que falam inglês; a patuléia estará alijada, como sempre — mas não vai se importar porque estará ocupada esperando que o CDI instale um computador em sua favela, para finalmente entrar no Orkut e poder dizer que sim, que não é mais excluída digital.

Podemos ter até orgulho de ser maioria nas comunidades do Orkut, aquelas significativas como “Eu não faço sexo oral” ou “Eu tenho peitão”. Podemos perder tempo detonando o Diogo Mainardi, o homem que todos amam odiar, ou dizendo que amamos Chorrochó, no sertão da Bahia. Entretanto, no que é realmente importante, no que vai realmente permanecer e ser considerado uma verdadeira contribuição à humanidade, somos minoria. Não importa o nosso orgulho pela crescente lusofonia do Orkut: na hora que realmente precisarmos desta joça aqui vamos ter que recorrer ao velho the book is on the table.

Mas isso não vai importar, vai? Porque o Orkut fala a nossa língua.

Enquanto isso, já que falei na tal última flor do Lácio, na Wikipedia Olavo Bilac é verbete na língua do bardo, mas não na sua própria.