Sobre os comentários neste blog

É engraçado que algumas pessoas achem que o espaço para comentários neste blog é delas, independente do que digam.

Se sentem no direito de postar comentários off-topic, meramente ofensivos, qualquer coisa. Até anúncio de michê (goiano, claro) já apareceu por aqui.

Mas embora nunca tenha sido explícita, este blog tem uma política de comentários.

Ela parte de um princípio básico: este blog é meu. Não é um espaço aberto, livre ou público. Eu pago por ele, eu decido o quê e quando se publica algo aqui. É simples assim. Posso ser um velho dinossauro marxista, mas ainda acredito um tiquinho na velha e boa propriedade privada. E esta terra tem dono.

Dentro desse princípio, o espaço para os comentários é disponibilizado para que as pessoas dêm sua opinião, corrijam, comentem, conversem entre si. Grosso modo, é uma área em que eu evito escrever. Podem descer a lenha no que eu digo, desde que com um mínimo de educação e com um mínimo de consistência. É preciso lembrar, no entanto, que há uma linha a ser seguida. Em primeiro lugar, ofensas a outros comentaristas são apagadas sumariamente. Essa regra é imutável e inegociável.

Ofensas a mim são analisadas caso a caso. Xingamentos primários são sumariamente excluídos, mesmo que dêm um bom post, porque a imbecilidade cansa. O blog não está aqui para que as pessoas descarreguem sua inguinorança. Discordâncias em que as pessoas peguem mais pesado (como este, por exemplo) vão depender do meu humor do dia.

(Usando ainda o exemplo citado acima, se o tal Milton tivesse justificado a razão do meu comentário ser “vazio”, seria considerado perfeitamente legítimo. Também me reservo o direito de responder apenas a provocações escritas em bom português, o que não é o caso. Além disso, é preciso ser muito burro para não perceber que eu queria, sim, estar no lugar do menino. A sogrona do rapaz era uma gata, apesar do silicone.)

Fora isso, alguns esclarecimentos. Para manter o spam de comentários sob controle, este blog utiliza o MT-Blacklist. Ele automaticamente modera os comentários a posts com mais de cinco dias. Vi dia desses que às vezes ele extrapola e modera o que não deve, mas considerando a alternativa, esse é dos males o menor.

Candangos

Foi o homem-baile Ricardo Montero quem descobriu:

Netinho também defende a raça. No programa dele, elegeu a mais bela negra do Brasil, belíssima, diga-se de passagem. Mas tá na cara que ali não é a área dele, e essa frescura contida pode explicar esse caso típico de violência doméstica. Netinho é um doce lá, com as negas dele. Mas com a branca (que coisa mais previsível), é porrada mesmo.

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Antes de tudo, é preciso que se diga: Julia Roberts embarangou legal, pesado. Quando sorri, ainda mantém uma certa fleuma daquela puta de Pretty Woman, mas de boca fechada parece que engoliu um cadeado. Que porra é aquela? A mulher engoliu o limpa-trilho da Mad Maria! A menina novinha, a stripper, até que tenta mostrar o mexilhão, mas o diretor do filme cismou em colocar sempre um mané na frente. Filme cabeça não tem peito nem xavasca, normalmente porque o diretor é viado, mas isso não vem ao caso.

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Vai malhar uma moça no tapete da sala do apê? Prende a porra do cachorro. Todo mundo que tem cachorro em apartamento sabe dessa merda: na hora que o sujeito está metendo, o bicho vem ali fuçar. Ali no rabo, ali no mexilhão, que seja na planta do pé. Vou dizer, vou dizer. Uma lambida na planta do pé na hora da meteção é uma experiência desagradabilíssima. É um choque, um anti-clímax. Caralho do céu, pirocante em Vênus! O que é isso! O cabra ali, no auge da função, e me vem um puto de um cachorro, que deveria estar roendo osso na putaqueopariu, e lambe a pele tosca do pisante. Dá um nervo, dá um nervo da porra. Aí você lembra, “porra, deixei o cachorro solto”. E projeta em seguida: “esse merda vai vir lamber meu cu”.

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É derrota, foi minha vez de insistir. Tem que pegar os sinais. Por exemplo: a mulher começou a cantar a letra de “Can’t take my eyes of you” na cara do cabra, toda sorrisos, o peitinho encostando no braço estufado do ex-estivador. Eu sei, é foda acreditar que uma mulher, qualquer uma, prefira um brucutu a nós mesmos, os caras descolados que não gostam de musculação. Vá entender essas vagabas. Tomara que levem uma bifa no meio da função.

Brasília, Eu Vi

O estranho caso do professor Idelber e do doutor Avelar

O chat em que o Alexandre deu uma entrevista ao Blogólogo continua rendendo confusões. O Idelber fez a denúncia: alguém chamado Menard ocupou seu espaço e fez o possível para avacalhar a entrevista.

Nós devíamos ter percebido. O sujeito, além de usar palavras de baixo calão, não podia ver um rabo de saia entrando que atacava. Enquanto isso, o Idelber estava preparando um paper para uma palestra.

A polícia mineira identificou o IP do sujeito e o prendeu. O mais chocante é que foi o mesmo que ocupou o blog do Idelber se dizendo aluno dele. É uma confusão só, que até agora não conseguimos entender. Tivemos acesso aos registros do interrogatório, mas não nos ajudou em nada.

Qual o seu nome?
Joaquín Daneri Menard.

De onde o senhor conhece o professor Idelber?
Não o conheço. Acompanho sua atividade incendiária e irresponsável por livros, jornais e agora esse blog.

Por que irresponsável?
Dedica-se a atacar irresponsavelmente instituições da nossa cultura como a Revista Veja, o deputado Aldo Rebelo e a Federação Mineira de Futebol.

Mas a Federação Mineira de Futebol é uma instituição inatacável. O senhor é ligado a ela?
Não, com a exceção de três primos, dois cunhados, irmã e mulher empregados lá, eu não sou ligado a ela, não.

Então o senhor é mineiro. O senhor diz que nunca teve nenhuma relação com o sr. Avelar. Mas circulam boatos de que na verdade a sua mulher o conhece.
É calúnia. O sr. Idelber é um reconhecido Don Juan, mas não teve nada com a minha mulher.

O senhor Idelber é um acadêmico de reputação inatacável, até mesmo no Carnaval de New Orleans. Segundo os logs do referido chat, foi o senhor que teve um ataque de priapismo.
Se o Sr. Idelber é inatacável, por que sempre há alguém atacando-o, até mesmo na sua própria caixa de comentários? Eu jamais clonei comentaristas de blog. Seria muita humilhação.

Voltando à sua esposa. O senhor diz que o professor Idelber é um Don Juan mas continua negando que sua esposa o conhece. No entanto, temos aqui fotos que provam que em pelo menos uma ocasião os dois se encontraram. O senhor continua negando que sua motivação é o ciúme?
Eu e minha mulher temos longa relação. Foi um deslize da parte dela, já conversado e perdoado. Desse renovado vínculo com minha esposa cresceu meu desprezo por intelectuais donjuaneiros como o sr. Idelber.

Foi bom para ela também?
Acho que sim. Ela animou-se inclusive a voltar para o supletivo.

O senhor falou da sua relação com sua esposa. Mas não é verdade que o senhor atacou sem dó duas mulheres no referido chat?
Eu estava meramente demostrando quais são os métodos desse crápula: puxa conversa, diz que mora nos EUA, pergunta de onde é a garota, fala que passa bom tempo todo ano no Brasil e invariavelmente diz que chega pela cidade da felizarda, mesmo que seja Mossoró ou Uruguaiana.

Qual a sua idade?
33 anos.

O senhor nega que deu descaradamente em cima de uma senhora de 59 anos?
Não, não nego. Mas ela apreciou minha delicadeza e gentileza genuínas, diferentes do donjuanismo barato do sedutor que eu clonava.

O senhor nega que trocaram fotos?
Eu enviei fotos do crápula, porque a sra. disse que gostava de barba e cabelos lisos. Mas a sra. disse que as fotos jamais chegaram. Ela não retribuiu. Será ela também uma impostora?

Quer dizer que o senhor nao sabe se ela dava um caldo, correto? E foi por isso que o senhor caiu matando de maneira canalha em uma pobre mulher solitária de 42 anos?
Eu a utilizei para demostrar quantas vítimas o sr. Idelber já fez nas suas donjuanescas andanças.

O senhor “a utilizou”? O senhor sempre se refere dessa forma a seres humanos solitários?
Eu sou um ser humano criado em solidão profunda. Minhas únicas companhias eram He-Man, Asterix e o Flamengo.

O senhor é flamenguista? Isso o torna um pouco melhor, porque o professor Idelber é atleticano.
Sim, sou flamenguista. Os atleticanos morrem de despeito porque lhes roubamos o campeonato brasileiro de 1980 com José de Assis Aragão e a Libertadores de 1981 com o grande estadista José Roberto Wright.

Nós não roubamos nada. Temos culpa de ter um time com Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Tita, Nunes e Lico?
O deles era superior: Reinaldo, Cerezzo, Éder, Chicão, Luizinho, Palhinha, Nelinho. Todas as vezes que se jogou em campo neutro com juiz isento eles ganharam

Vamos deixar o futebol de lado. O senhor falou que era um solitário. Foi quando desenvolveu uma fixação no professor Idelber?
Sim. Sujeito metido a besta, vive cercado de gente e ti-ti-ti. É aquela pior espécie, o intelectual feliz.

O senhor continua negando que o conhece?
Sim.

Por que o senhor Idelber? Há outros blogueiros por aí.
Porque o sr. Idelber é particularmente nocivo, porque traz a irresponsabilidade própria dos blogueiros para dentro dos muros da sacrosanta universidade.

O senhor tambem é acadêmico?
Comecei um curso sequencial e abandonei, depois de ser condenado a ter aulas de história com uma lésbica.

Qual o nome da sua professora?
Rodinete.

Por causa dela o senhor desenvolveu o comportamento criminoso de falsidade ideológica em chats lésbicos?
São umas depravadas. Além de inverter a sexualidade normal, sistematicamente ficam dando pistas falsas de que gostam de homens. As lésbicas inventaram a clonagem e a falsificação de identidades.

O sehor sabia que a senhora Rodinete Santana Travassos tem 42 anos e freqüenta chats de lésbicas?
Não, não sabia.

O senhor sabia que ela atua nesses chats sob a alcunha de solitaria 4.2?
Não, não conheço as atividades da sra. Rodinete fora da sala de aula.

O senhor nega então que, no chat do dia 24 de fevereiro de 2005, quando o senhor avacalhou a entrevista do senhor Alexandre Cruz Almeida, o senhor utilizou a identidade do professor Idelber para saciar a sua tara inconfessável pela senhora Rodinete Santana Travassos, vulgo solitaria 4.2?
Sim, nego. Eu não tenho tara por lésbicas, acredito que o que estava presente ali não era o senhor Alexandre Cruz Almeida e só quis demonstrar as práticas nefastas do sr. Idelber nas suas donjuanagens.

O senhor agora insiste que o entrevistado era também outro impostor?
O senhor presente no chat não tinha nada em comum com Alexandre Cruz Almeida. Falou inclusive de uma estranha bolsa de estudos que, como sabem os blogólogos que lêem diariamente o seu blog, na realidade não existe.

As donjuanagens do Sr. Idelber, então, dizem respeito basicamente a lésbicas?
O sr. idelber é um depravado que não escolhe suas vítimas segundo preferência sexual, raça, cor, credo ou filiação partidária. Só não aceita torcedoras do Flamengo.

A leitura dos logs mostra que havia um senhor bêbado que passou o tempo orientando todos os presentes a darem um uso estranho à sua parte posterior, identificando-se apenas como Biajoni. Era um impostor também?
Tudo indica que sim. Aquele senhor tinha um estranho padrão de uso de maiúsculas e corrupção das palavras. E uma verdadeira obsessão com sexo anal

O senhor está insinuando que o senhor Biajoni, o impostor que se fez passar por ele, tem tendências homoeróticas?
Sem dúvida. Quem mais ia ficar pedindo sexo anal num chat de blogueiros? Quem chegaria a esse estágio de desespero? (gente, tá ficando bom demais)

O senhor acha que conseguiu seu intento de difamar o professor Idelber? Ele chegou a falar com o senhor depois de tamanha difamação?
Não falou não. E acho que no fundo o intento foi fracassado porque, pelo que me contaram, o Sr. Idelber criou um falsário completamente fictício em seu blog, que não tinha nada a ver comigo. Fez palhaçadas copiando a identidade de seu copiador, e dizem as más linguas que ele até anda por aí inventando falsas entrevistas!

Depois de ler o interrogatório, algo não bate. Ele se diz flamenguista, mas só alucinados atleticanos fora de seu juízo perfeito acham que o time campeão do mundo do Flamengo roubou aqueles campeonatos. Não se conformam com a realidade. Estão no mesmo nível de torcedores do Sport, que acham que o Flamengo não foi campeão brasileiro em 1987 porque se recusou a referendar seu título jogando com um time da segunda divisão.

Algo muito estranho está acontecendo.

Errata

Algumas correções à infinidade de erros que este blog tem cometido.

Numa das alegrias do Google escrevi que o Paulo Francis era judeu. Mentira minha. O sujeito era católico de pai e mãe. Alguém que não se identificou fez a correção nos comentários, e em suas memórias Francis conta a história de sua família.

Agora eu só queria entender o que foi aquele quadro do Manhattan Connection.

O outro erro, apontado pelo Marmota, é sobre o jingle do Affonso Camargo em 1989. Na verdade, o jingle que eu lembrava como sendo do homem que fez a comparação entre buraco na estrada e cárie era do Afif (“Dois patinhos na lagoa, vote Afif 22”), pioneiro na ênfase no número em vez do nome.

Quarta-feira de cinzas

Os posts do Leo sobre o carnaval são uma delícia. É bonito ver alguém que ama tanto o carnaval — e são úteis, extremamente úteis suas lições de como ser bom de multidão. O sujeito entende mesmo disso.

Eu teria inveja, se não tivesse alergia a suor (literalmente), se não tremesse ante a simples hipótese de alguém pisando nos meus delicados pezinhos 43/44, se o carnaval não fosse a única época em que não gosto de Salvador e se não preferisse estar, como agora, ouvindo Brian Wilson e Paul McCartney cantando juntos A Friend Like You.

Mas se eu gostasse de carnaval, ah, meu amigo, eu queria ser como o Leo.

Crime e Castigo

Eu comprei “Crime e Castigo” junto com outro livro de que tinha ouvido falar muito, “O Apanhador no Campo de Centeio”. Um sebo de Salvador, a Livraria Brandão, famosa por seu acervo e pelos preços absurdos que cobra.

Levei os dois livros para a agência e lá mesmo li “O Apanhador”. Bobagem, pura bobagem. Continuei sem compreender o que aquele livro tinha para ser tão admirado pela geração que eu adorava. Eu tinha 18 anos, idade em que teoricamente se é mais sensível ao que o livro diz. Eu devia ser um insensível. Caulfield era só um menino mimado metido a engraçadinho. Se tivesse estudado na minha escola tinha levado muita porrada para deixar de ser besta.

Aí comecei a ler “Crime e Castigo”.

Vários posts, em vários blogs, já falaram com mais propriedade sobre o espírito do livro. Eu li há tanto tempo, e já estou tão atrasado em meu post, que dificilmente escreveria algo que ninguém escreveu.

Mas tem uma coisa de que não esqueço.

À medida que eu ia me aproximando do assassinato da velha usurária, minha respiração ia ficando mais difícil. Meus olhos ficavam mais abertos. A boca caía, espantada, como se eu não acreditasse que aquilo era possível, que alguém pudesse escrever daquele jeito.

Eu nunca tinha visto uma cena como aquela. Nunca.

Que se discutam as idéias, os temas, o final insosso e reacionário do livro. Nada disso é capaz de obscurecer o brilho com que aquela cena foi escrita. E no final das contas é isso que faz um romance, não necessariamente as idéias que ele defende.

O tempo passou e Dostoiévski foi desbancado do posto de meu escritor favorito por um francês que escrevia movido a café para escapar das dívidas que sua megalomania lhe trazia. Muitos, muitos livros foram lidos depois dele. Mas nunca, em todos esses anos, eu me vi boquiaberto diante de uma cena como a do assassinato da velha usurária.