Lampião e seu bando chegaram à fazenda de Z. no interior de Sergipe. Pediram abrigo, dinheiro, as coisas que sempre pediam. Ou exigiam.
Z. se recusou ou não tinha o suficiente, não sei, e os cangaceiros fizeram a festa. Não gostaram de algo que C., mulher de Z., falou, ou o jeito como olhou — porque quando se estava diante dos cangaceiros todo respeito era pouco. Lampião então pegou uma palmatória e lhe deu seis “bolos” na mão.
“E agora?”, perguntou Lampião.
“É só isso?”, perguntou C., tentando controlar a raiva.
Lampião lhe deu mais seis bolos.
B., o filho mais novo do casal, acordado com a barulheira, estava perto da parede. Naquela época se dormia com camisolões. Um dos cangaceiros arremessou um punhal — espadins finos, com lâminas de cerca de 40 centímetros de comprimento — contra ele. O menino ficou pregado à parede pelo camisolão.
Lampião foi embora. Z. vendeu a fazenda por uma ninharia e se mudou dali.
Não há nada mais equivocado que tentar justificar o ciclo do cangaço a partir das condições sociais da época, e usá-las para evitar chamar Lampião pelo que ele era, bandido. Elas explicam, claro; mas não justificam nem amenizam seu caráter criminal.
É como justificar o fenômeno no tráfico no Rio de Janeiro. Com uma diferença: as tais “condições sociais” são muito mais graves no morro, porque a desigualdade social é mais gritante, e o favelado é confrontado todos os dias com imagens de um consumismo desenfreado. No entanto, ninguém pensa em chamar um Elias Maluco de herói. Se em outros tempos, em que os traficantes tinham maiores ligações com a comunidade, essa lenda ainda persistiu durante um tempo, hoje ela já provou simplesmente não existir.
Aqueles que transformam Lampião em uma espécie de robin hood da caatinga provavelmente esquecem a história. Porque essa versão romântica esbarra no fato de que ele, tantas vezes, serviu apenas de jagunço para coronéis da região. É contradita pelo fato de que aterrorizavam pequenos sitiantes e vilas inteiras, tomando dinheiro de todos, mas poupando proprietários de terra que lhe dessem abrigo — os coiteiros.
Lampião era apenas um coronel sem terras. Seu comportamento era o mesmo, com a diferença que ele precisava ser ainda mais truculento por não ter nenhum estamento que lhe garantisse, diretamente, o poder que exigia.
Não interessa a miséria ou o que fez Lampião ou Antônio Silvino cangaceiros, porque a mesma miséria atingia um bocado de gente. O que interessa é que durante os anos em que assolaram o sertão nordestino sua atuação foi a de bandidos, de assassinos, ladrões e opressores.
Essa mitologia romântica a respeito de Lampião parece ter se consolidado a partir dos anos 70. Era época de ditadura, e aparentemente os movimentos de resistência resolveram tomar como aliados e modelos qualquer coisa que representasse combate ao Estado. Entre outros, isso desagüou no Comando Vermelho, o que deve ter posto de cabeça para baixo toda a crença pseudo-leninista na idéia de que o povo armado fará a revolução; pelo menos aqui, nas terras tupinambás, o povo armado sobe o morro e vende cocaína, que dá mais dinheiro.
Comparar cangaceiros a terroristas palestinos é apenas falsificação da realidade. Concorde-se ou não com seus métodos, os palestinos estão lutando por algo maior que eles. Lampião e seu bando lutavam apenas por si próprios. Para que houvesse alguma razão em não chamar Lampião de bandido seria preciso que alguém mostrasse algo de significativo que ele tenha feito para contestar o status quo social, e não usar a força para garantir o seu quinhão.
Mas com exceção de eventuais rompantes de generosidade, a generosidade do senhor feudal, eu não conheço nada parecido.
Originalmente publicado em 21 de junho de 2005
Dá-lhe, Rafael! Uma análise perfeita.
Existe uma romantização da figura do cangaceiro, como vc diz. Me lembro de uma apresentação que assisti – faz muitos anos, não me lembro do nome da socióloga – em que ela fazia uma análise nesse sentido, argumentando que a população não se identificava e/ou idealizava o cangaço, que essa foi uma leitura posterior, anacrônica e desfocada.
(Eu devo confessar que algumas cenas – reais ou míticas – são antológicas pra mim….como a Maria Bonita decepando a orelha de uma fulana por ciúmes….já tive vontade de descer a peixeira algumas vezes, mas não fiz, seriam algumas orelhas a menos no mundo…rs)
Nóó, o cara era bom!
(Desculpem, desculpem, humor de mau gosto…)
Ei, que zorra é essa?
A eleição em Sergipe não acabou não, é?
Cadê os textos novos?
(Sem nenhuma crítica a essa reedição dos melhores posts)
Rafael, não existe bandido bonzinho. Bandido é bandido mesmo. As histórias que eu ouvia da família da minha mãe que era nordestina são pavorosas. Beijocas
Ainda hoje, nos sítios mais isolados do Nordeste, é comum encontrar pessoas que já se debateram com o lobisomem. Até já vi pessoas com cicatrizes das marcas das unhas do bicho. Nem por isso você vai acreditar nessas histórias. O imaginário popular é assim. Ainda hoje, no Amazonas, existem mulheres que dizem terem sido engravidas pelo boto.
Faltou um pouco mais de pesquisa ou, pelos menos, seriedade para falar de um problema tão complexo como foi o cangaço, muito mais complexo que a violência nos morros do Rio, hoje em dia.
Já em 1955, Ariano Suassuna, ao escrever o Auto da Compadecida, classificava o cangaceiro como “mero instrumento da cólera divina”, provando que a “romanização” do cangaço já vinha desde muito antes da invenção do Comando Vermelho. E não só Suassuna, como também os autores Jorge Amado, José Lins do Rêgo e outros já tinham a mesma idéia.
O temperamento extremante violento de alguns cangaceiros tem sim muito a ver com a estrutura social da época baseada no latifúndio. Desprezar isso é, no mínimo, desconhecer o alto grau de exclusão social gerado pelo feudalismo nacional.
O cangaço durou cerca de 200 anos, nele participaram milhares de pessoas e só acabou definitivamente com a anistia em 1495. Tratar todo esse complexo movimento histórico baseado apenas na figura, mais mítica do que real, de Lampião é um simplismo que beira a ignorância, você não acha?
OPS! Eu queria dizer: “anistia em 1945”
Parabéns pela brilhante explanação. Concordo 100%, sou pessoalmente um amante das histórias relacionadas ao sertão nordestino (cangaço, coronelismo, religiosidade etc), Porém, devemos encarar o cangaceiro lampião, sim, como um bandido, malfeitor, provedor dos seus próprios interesses. E não, buscar heroísmo nessa figura. Herói é o sertanejo anônimo que tira seu sustento e de seus vários filhos de um torrão seco. Esse sim é o herói.
Eu axo q o Lampiao era meio bandido,e meio herói pq ele mata os outros e pegava o dinheiro e tudo oq podia para vender e dar o dinheiro aos pobre e algum dinheiro para a familia do bando deles!
Concordo com o Erick,quando ele fala na desigualdade social da época do cangaço ,mas vale lembrar que essa desigualdade continua até hoje e isto não justifica o latrocínio ou roubos diversos em nome da desigualdade social , seria o mesmo que dizer que todos os pobres tem direito a praticar delitos em nome da pobreza e disigualdade social ;Quanto a anístia , que tal anistiarmos os bandido atuais , não declinarei os nomes mas ´são estes que estão diariamente na mídia ,quem defende bandidos é porque não sofreu na pela a ação destes mal feitores .
Bom dia, este comentario e um pouco equivocado a opinião publica da epoca e negativa sobre lampião ate hoje porque foi do interesse politico , niguem fala de atos criminoso na qual e foi vitima ele e sua familia ,quando um coronel mandava roubar seus animais de criação da sua familia ele tiveram de mudar de onde morava para não brigar com niguem ,mesmo assim foi perseguido ate mortos e suas cabeças decepadas e colocada em estaca de cercas ,niguem fala tambem quando ele foi procurar justiça ele foi maltrado quase foi preso ;agora se algo acontecesse assim com algum de nos o que faremos,ir ate policia e a justica , foi o que ele fez , so que niguem deu-lhe ouvidos ; dai começou a sua hitoria de vingança e justicia com sua propria mãos , depois não deu mais para parar porque a persiguirsão ate a sua morte ; havia muitos crimes que acontecia ,que lampião era acusado sendo não os fes porque a volante fazia barbaries , e torturas para as pessoas falar alguma coisa de lampião depois de tudo isto culpava lampião dos crimes que a volante cometia . niguem fala tambem que na epoca o governo convocou lampião para para apagar de revolução no nordeste conhecida como coluna preste ; agora querer compara lampião com um traficante desculpa tenho muito respeito por voce , mais não faça mais isto ; de um homem que repeitava religiosos juiz e jornalista deu ate entrvista em juazeiros do norte , peço lhe desculpa , mas o meu avo paterno o conhecia bem meu tio avo foi morto em combate com lampião , nem por isto o condeno , para mim ele e um heroi.
Bom dia, este comentario e um pouco equivocado a opinião publica da epoca e negativa sobre lampião ate hoje porque foi do interesse politico , niguem fala de atos criminoso na qual e foi vitima ele e sua familia ,quando um coronel mandava roubar seus animais de criação da sua familia ele tiveram de mudar de onde morava para não brigar com niguem ,mesmo assim foi perseguido ate mortos e suas cabeças decepadas e colocada em estaca de cercas ,niguem fala tambem quando ele foi procurar justiça ele foi maltrado quase foi preso ;agora se algo acontecesse assim com algum de nos o que faremos,ir ate policia e a justica , foi o que ele fez , so que niguem deu-lhe ouvidos ; dai começou a sua hitoria de vingança e justicia com sua propria mãos , depois não deu mais para parar porque a persiguirsão ate a sua morte ; havia muitos crimes que acontecia ,que lampião era acusado sendo não os fes porque a volante fazia barbaries , e torturas para as pessoas falar alguma coisa de lampião depois de tudo isto culpava lampião dos crimes que a volante cometia . niguem fala tambem que na epoca o governo convocou lampião para para apagar de revolução no nordeste conhecida como coluna preste ; agora querer compara lampião com um traficante desculpa tenho muito respeito por voce , mais não faça mais isto ; de um homem que repeitava religiosos juiz e jornalista deu ate entrvista em juazeiros do norte , peço lhe desculpa , mas o meu avo paterno o conhecia bem meu tio avo foi morto em combate com lampião , nem por isto o condeno , para mim ele e um heroi.
Bom dia, este comentario e um pouco equivocado a opinião publica da epoca e negativa sobre lampião ate hoje porque foi do interesse politico , niguem fala de atos criminoso na qual e foi vitima ele e sua familia ,quando um coronel mandava roubar seus animais de criação da sua familia ele tiveram de mudar de onde morava para não brigar com niguem ,mesmo assim foi perseguido ate mortos e suas cabeças decepadas e colocada em estaca de cercas ,niguem fala tambem quando ele foi procurar justiça ele foi maltrado quase foi preso ;agora se algo acontecesse assim com algum de nos o que faremos,ir ate policia e a justica , foi o que ele fez , so que niguem deu-lhe ouvidos ; dai começou a sua hitoria de vingança e justicia com sua propria mãos , depois não deu mais para parar porque a persiguirsão ate a sua morte ; havia muitos crimes que acontecia ,que lampião era acusado sendo não os fes porque a volante fazia barbaries , e torturas para as pessoas falar alguma coisa de lampião depois de tudo isto culpava lampião dos crimes que a volante cometia . niguem fala tambem que na epoca o governo convocou lampião para para apagar de revolução no nordeste conhecida como coluna preste ; agora querer compara lampião com um traficante desculpa tenho muito respeito por voce , mais não faça mais isto ; de um homem que repeitava religiosos juiz e jornalista deu ate entrvista em juazeiros do norte , peço lhe desculpa , mas o meu avo paterno o conhecia bem meu tio avo foi morto em combate com lampião , nem por isto o condeno , para mim ele e um heroi.
Bom dia, este comentario e um pouco equivocado a opinião publica da epoca e negativa sobre lampião ate hoje porque foi do interesse politico , niguem fala de atos criminoso na qual e foi vitima ele e sua familia ,quando um coronel mandava roubar seus animais de criação da sua familia ele tiveram de mudar de onde morava para não brigar com niguem ,mesmo assim foi perseguido ate mortos e suas cabeças decepadas e colocada em estaca de cercas ,niguem fala tambem quando ele foi procurar justiça ele foi maltrado quase foi preso ;agora se algo acontecesse assim com algum de nos o que faremos,ir ate policia e a justica , foi o que ele fez , so que niguem deu-lhe ouvidos ; dai começou a sua hitoria de vingança e justicia com sua propria mãos , depois não deu mais para parar porque a persiguirsão ate a sua morte ; havia muitos crimes que acontecia ,que lampião era acusado sendo não os fes porque a volante fazia barbaries , e torturas para as pessoas falar alguma coisa de lampião depois de tudo isto culpava lampião dos crimes que a volante cometia . niguem fala tambem que na epoca o governo convocou lampião para para apagar de revolução no nordeste conhecida como coluna preste ; agora querer compara lampião com um traficante desculpa tenho muito respeito por voce , mais não faça mais isto ; de um homem que repeitava religiosos juiz e jornalista deu ate entrvista em juazeiros do norte , peço lhe desculpa , mas o meu avo paterno o conhecia bem meu tio avo foi morto em combate com lampião , nem por isto o condeno , para mim ele e um heroi.
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Codinome Lampião
O meu nome é Virgulino
O lagarto nordestino
Ouça bem o que lhe digo
O cangaço é meu quintal
Meu sobrenome é perigo
Vai logo me dando essas moedas
Vai logo rezando á padre Ciço
Foi com Antônio e Levino
Com meus irmãos eu aprendi
Que no cangaço o homem
Tem que ser macho
No cangaço o homem
Não pode dormir
Leão valente e cangaceiro
Macho de todas as maneiras
Foi assim que eu me apresentei
Na tropa do sinhô Pereira
Vendo o sofrimento de meu povo
Nas mãos do crime eu cai
Na casa da baronesa
De água branca eu bebi
Peguei o bicho pelo pescoço
Prendi Antônio Gurgel
Um frio na espinha desceu pelas costas
Me gelando a boca do céu
Numa agonia de dá dó
Foi dois de uma vez só
Perdi Colchete e Jararaca
Na invasão á Mossoró
O calango escondido
Não aceitou a derrota
Mas tive que esperar
Pois Pernambuco, Paraíba
E Ceará, estavam á me caçar
Atravessei o São Francisco
Com cinco cabras na mão
E foi lá na Bahia
Que eu me levantei do chão
Um certo dia escondido
Na fazenda de um coiteiro
Foi lá que eu encontrei
Meu amor verdadeiro
Só tinha um problema
Era a mulher do sapateiro
Fugiu comigo em nome desse amor
Enchendo meu coração de alegria
Maria Déia, cheia de idéia
Flor nordestina
Na caatinga
Debaixo de um umbuzeiro
Nasceu minha filha Expedita
Lindo anjo vindo do céu
Á iluminar minha vida
Com minhas roupas de Napoleão
Feitas pelas minhas mãos de artesão
Apresentei meu bando e minhas cartucheiras
Ás lentes de Abrão
O meu olho que vazava
Dr: Bragança arrancou
Confesso tive medo
Mas não senti nenhuma dor
Meu destino tava chegando
Senti meu peito sangrar
João Bezerra e Aniceto Rodrigues
Vieram me atocaia
Vi cai Quinta-feira
Vi cai Mergulhão
Vi cai Enedina
De joelho no chão
Vi Moeda e Alecrim
No rabo do foguete
Vi cai Macela
Vi cai Colchete
Antes de dar meu último suspiro
Pensei no meu amor
Onde tá Maria Bonita?
Minha amada
Minha flor
Fui Virgulino Ferreira da Silva
Codinome Lampião
Vivi, amei, e morri
Nos braços do Sertão.
Sandro Kretus
O andarilho da terra do fogo
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/1346801
Morei muito tempo no Nordeste, na região de Petrolina e Juazeiro, também assolada pelo bando de Lampião, e penso que a análise original por parte do Rafael Galvão é correta.
Não vejo no Virgulino e seu bando nada além de oportunismo e sede de sangue, sem nenhum motivo nobre para justificar as atrocidades cometidas.