Sob o Domínio do Mal

Quarenta anos deveriam bastar para que se fizesse um filme melhor que sua primeira versão. Infelizmente, isso raramente acontece.

“Sob o Domínio do Mal”, a nova versão do filme maldito de 1962, tinha alguns elementos que poderiam fazer dele algo melhor que o original. Tem Denzel Washington no papel de Frank Sinatra, por exemplo. Denzel é um grande ator, enquanto Sinatra era apenas “a Voz”. Meryl Streep pega o papel de Angela Lansbury, mantendo as coisas em alto nível, e Liev Shreiber ocupa o lugar de Lawrence Harvey; talvez tenha sido escolhido por sua semelhança.

Infelizmente, Jonathan Demme também pega as funções de John Frankenheimer, e é aí que as coisas realmente complicam. Demme não é, nunca foi um diretor à altura de Frankenheimer.

O filme original era produto da Guerra Fria. Nele, o inimigo interno era marionete do comunismo internacional, personificado pelos chineses maoístas durante a Guerra da Coréia. Agora, com a China crescendo assustadoramente e se posicionando como a próxima superpotência econômica e deliciosamente capitalista — pelo menos para aqueles que moram nas zonas especiais –, o inimigo é o capital internacional, dentro de uma conjuntura em que a América se vê assustada pelo terrorismo internacional. Trecos internacionais demais em um filme só, mas deixo essa. Assim como os maoístas de azul, os capitalistas não têm escrúpulos; assim como os bolcheviques, eles acreditam que todo o poder emana do presidente.

“Sob o Domínio do Mal”, versão 2004, tem técnica cinematográfica muito mais apurada do que o filme original. Mas isso sequer deveria ser uma questão. Resta a forma como o filme é conduzido, e é aí que Demme se perde.

Durante quase todo o filme, Demme faz um bom trabalho. Talvez a idéia do tal capital como grande vilão já esteja um pouco batida, mas sempre pode render alguma coisa; certamente rende mais que petrovilões de turbante. Além disso, há a conjuntura de uma América que quase perdeu seus princípios por causa do medo, e isso é bem explorado no filme. Nnada, no entanto, que faça esquecer o primeiro.

A melhor idéia em “Sob o Domínio do Mal 2004” vem no final, quando os personagens têm seu papel invertido. Mas é justamente essa boa idéia que leva ao final medíocre e equivocado do filme, um final tão feliz que mesmo a mais deslavada comédia romântica teria vergonha de mostrar, com o mal punido exemplarmente e os bons tendo uma nova chance.

Reacionário ou não, alarmista ou não, o primeiro filme era brilhante e não fazia concessões. É o contrário da versão de Demme, que abdica de um filme razoável em busca de um final “aceitável”.

A versão de 1962 se revelou tragicamente profética um ano depois, quando Kennedy foi assassinado; foi o que causou a desgraça do filme. Talvez Demme tenha querido fugir dessa sina, ou talvez simplesmente tenha decidido fazer uma profissão de fé na capacidade do povo americano de superar os tempos difíceis que atravessa e defender a democracia.

Provavelmente teria se dado melhor se tivesse tentado fazer apenas um bom remake.

Por que este blog sumiu

Os últimos dias foram difíceis para este blog.

Aí pelo dia 29, o provedor onde ele estava hospedado, Sunhost, saiu do ar.

Quando eu estava pensando em abandonar o Blogger, pesquisei uma série de provedores de hospedagem. Sabia o que precisava e sabia o quanto estava disposto a pagar.

A perspectiva de um provedor brasileiro era mais interessante por uma razão: suporte. O que a Sunhost oferecia era adequado para mim: 2,5 GB de transferência, 500 MB de espaço (depois foram aumentados para 3 GB e 1 GB, respectivamente). Na época, eu não usava sequer 300 MB de largura de banda por dia. E ainda hoje não uso mais de 100 MB de espaço em disco.

O que me impressionou foi a promessa de atendimento. Bastou ir até a página deles para ser atendido por instant messaging. Achei interessante; sabia que depois que assinasse isso ia mudar, mas o começo era promissor e deixava a esperança que a mudança não fosse tão grave assim.

Ledo engano.

Meu primeiro pedido de suporte foi sobre o Eudora, que eu não estava conseguindo configurar. Expliquei o caso, enviei screenshots. A resposta foi que eles não ofereciam suporte ao Eudora. O problema, no fim das contas, era uma bobagem relacionada a autenticação, coisa que qualquer idiota deveria entender. Acabei resolvendo sozinho.

Ainda fiz algumas perguntas que não tiveram respostas, relativas a sub-domínios, etc. Minha indignação chegou ao limite quando eles começaram a nem sequer responder os tickets de suporte — especificamente um sobre cron jobs, que ao que tudo indicava não funcionavam. Como no Movable Type estava tudo aparentemente certo, eu tinha quase certeza de que o problema era lá; no entanto, eles sequer disseram: “olha, o problema não é aqui”. Simplesmente não responderam. Foi quando descobri que nem telefone para suporte eles tinham. Você tinha que mandar um e-mail e rezar para eles responderem.

A essa altura eu já tinha começado a procurar novos provedores. Foi nessa época que o Reginaldo estava procurando um provedor para o Singrando; eu já comecei a falar mal da Sunhost aí. Mas as coisas ainda iam piorar.

Para que se tenha uma idéia, eu tinha transferido meu domínio para uma das empresas deles. Quando transferi novamente, agora para a GoDaddy (sempre em busca de um registrar mais barato), mandei um e-mail para eles solicitando o código de autorização. Nada. Eu tive que achar o registrar primário deles para conseguir o tal código. Quase uma semana depois de já ter transferido o domínio e ter esquecido do caso a Superdomínios, a tal empresa deles, me mandou o código. Piada. Quase tão grande quanto o fato de eles, desde o início, anunciarem um “painel de controle” que nunca instalaram.

Mais: comecei pagando por cartão de crédito, que eles debitariam automaticamente. Depois que passei a pagar por transferência bancária, a coisa degringolou um pouco. Acredite: eu nunca soube exatamente o dia de vencimento, nem eles se incomodavam em cobrar. Apenas cortavam o acesso depois de vencido.

Ultimamente minhas necessidades aumentaram. Estava quase chegando ao limite de transferência. E aquilo, de repente, se tornou caro para o que me oferecia — sem a vantagem do suporte.

A gota d’água foram as constantes quedas do serviço nos últimos dias. Outras coisas já vinham me irritando, como o Awstats deixando de rodar (e o que seria das “Alegrias do Google” sem o Awstats?), mas o que realmente me tirou a paciência foram as várias vezes que tentei acessar o blog — e principalmente meu e-mail — e ele estava fora do ar.

No dia 29 o provedor deu um revertério enorme. Ficou 24 horas fora do ar. Dessa vez eles resolveram o problema, embora não com a presteza que seria necessária. Mas tubo bem. Foi nesse intervalo que mudei para a AddAction.

Tive muitos problemas para colocar o PHP para funcionar, já que a AddAction tem uma configuração diferente, mas o que me impressionou foi o suporte deles. Mesmo no Ano Novo (vim para cá de madrugada, tentar resolver o problema), tinha gente trabalhando e tentando resolver o problema, na mesma hora em que abri um ticket de suporte.

Só fui resolver agora, mas sei que posso contar com o suporte deles. Isso é reconfortante.

E feliz 2005 para todo mundo.