As alegrias que o Google me dá (XIX)

aranha radioativa
Informação atrasada. Agora é aranha geneticamente modificada. Atualize seus registros.

os sete anoes comendo a branca de neve
Fiz as contas e acho que dois ficam só olhando. Serve assim mesmo? Sei lá, bota para revezar.

colonia que o elvis presley usava
Que eu lembre, assim, imediatamente, Seconal e Valium. Mas era um bocado, procure um pouco que você acha.

angouleme julien balzac
Lucien. Julien Sorel vem de outro buraco. E de outro escritor.

o que os esquimos tem haver com o natal
Porra nenhuma. Satisfeito?

anastacia revolução russa
Eu também sou fã dela. Uma grande picareta, autora de um dos mais belos golpes que eu já vi na vida. Eu morro de inveja de gente assim. Era tudo o que eu queria ser. E no cinema ela foi vivida pela Ingrid Bergman. Melhor, impossível.

fotos de gays fazendo sexo forçado no banheiro
Bobinho, essa deve ter sido a desculpa que o George Michael deu no julgamento. Você acreditou, foi?

acorda brasil. está na hora da escola!
Hoje é feriado, mamãe.

o ponto de exclamação
???

filmes porno japão
Ah, sim, aqueles curta-metragens famosos, né?

site www.rafael.galvao.org penis pequenos
Ô, seu doente, eu não gostei do que você está insinuando.

pais que batem na bunda de meninos
Uns frescos. Pai que é pai tem é que meter o pé na boca deles, que é para ver se esses moleques aprendem a ter respeito pelos mais velhos.

papai noel sem papel higienico usando carta filme
Como tem gente ruim neste mundo. Como se não bastasse serem pessoas secas, niilistas, sem nada de bom para dar ao mundo, ainda por cima debocham da fé dos outros.

baixar video mulher que deu a luz a uma manga
Conheci bem essa senhora, a mulher de seu Mangueira. Boa mulher, prendada, boa esposa. A manguinha era tão bonitinha, só você vendo. Eram tempos difíceis, dinheiro curto, mas eles criaram a manguinha com muito amor, carinho e sacrifício. Hoje ela está aí, formada em agronomia e frondosa que só vendo.

tire seu sorriso do caminho que eu quero passar
Com a sua dor, não é? Tudo bem. Eu tiro. Mas assim que você me der as costas eu vou gargalhar.

desejo comprar um gol 1988 à 1994 por favor quero ver a foto
Olha, se eu tivesse um Gol para vender eu juro que te mostrava a foto. Mas eu não tenho. Eu sou um duro, é essa a verdade, e você não sabe o quanto isso me dói, sabe? No máximo tenho um par de sapatos furados para te vender.

mulheres nua tsunami
Perto de você aquele sujeito que está aplicando golpes nos sobreviventes é a Madre Teresa.

porno paraguaio fotos
Você compra o DVD no camelô da esquina, leva para casa e quando põe para rodar assiste a Dumbo. É trágico, isso.

fotos gratis de mamae dando o rabo
Meu amigo, eu não tenho o prazer de conhecer sua mamãe, tá? Muito menos tirar fotos dela. Mas se a coroa está enxuta ainda, me dá aí seu telefone.

essa eu comi
Eu não. Sacanagem.

video de mulher colocando a camisinha com a boca
Procure uma cena da Sherilyn Fenn em Twin Peaks, e veja o que ela é capaz de fazer com uma língua e um galhinho de cereja. Vi há 15 anos, meu rapaz, e a imagem até hoje me persegue, me assombra e me deslumbra.

pensamentos bonitos
Sou incapaz de ter um só, acredite.

quero saber sobre o principe william filho do principe charles da inglaterra
Eu não. Mais interessante é saber sobre o príncipe Harry, filho do tal capitão.

rafael galvão jornalista
Bebeu? Rafael Galvão publicitário, tá?

rafael galvão escritor
Fumou? Rafael Galvão publicitário, tá?

rafael galvao fotolog
Cheirou? Rafael Galvão bloguista, tá?

doenças que o penis do cachorro pode causar no homem
Nenhuma que ele já não tenha. Zoofilia, por exemplo.

videos sem onus de puro sexo
“Ônus” é uma palava que praticamente apenas advogados falam. Esse aí, não contente em tirar o couro dos seus clientes, ainda por cima quer tirar vantagem até nos filminhos de sacanagem. Ô raça.

parte mais interessante de romeu e julieta
É a parte em que ele morre, ela morre, o manda-chuva lá de Verona faz aquele sermão inútil e que o faz merecer uma pedra na testa, e aí a peça acaba e você fica livre.

vereador totó teixeira
Levou um pau das urnas. Serve o deputado Rex Oliveira?

teologia da libertação em sergipe
Uma grande perda de tempo, você não concorda comigo? Em vez de se preocuparem em se libertar da Bahia, ficam aí falando mal do papa. Desocupados.

alguem tem fotos de sovacos?
Eu não. O Alexandre tem fotos de pés, serve? Eu queria ter de cotovelos, mas ninguém me mandou uma sequer. Essa mulherada é muito má comigo.

polígono das secas onde fica
Um pouco acima do Triângulo Mineiro.

filmes brasileiros- um estranho no ninho
Dirigido por Millôs Formandes, é um clássico da pornochanchada. Conta a história de Beto, playboy do Rio e membro do Clube dos Cafajestes, que mantém uma garçonnière em Copacabana. É lá que ele abate Das Dores, uma mulata do Cantagalo, dia sim, dia não, até o dia em que chega e a encontra com um estranho, um neguinho raquítico chamado Zé Carlos. Ele dá uma surra nos dois e os expulsa de sua vida. Dez anos depois, as coisas mudaram: Zé Carlos, cujo sobrenome é Encina, se tornou chefão do tráfico do Rio, e Beto é um homem decadente e viciado em cocaína. O filme é típico daquele cinema chato que se fez no Brasil da Embrafilme, e busca mostrar a decadência carioca e a inversão de valores. Boa proposta em um filme ruim, com exceção do bundão da Sônia Braga, que faz o papel de Das Dores.

bonecas inflaveis opiniao
Bem, o modelo Plastic Bubble é recomendado para aqueles que gostam de peitões. Nota 6,5. O modelo AssPloc, por sua vez, é pra quem acha bonitinha uma bunda grande. Na verdade, mereceria um 7, não fossem os ruídos estranhos (pffff… próóóó…) que faz durante o uso. 5,5.

simpatia para aumentar seios
Simpatia não tem nada com isso. Leve 2 paus pro seu cirugião plástico e ele resolve o babado.

como masturbar
Ornitorrincos: rapaz, sinceramente eu não sei. Na verdade, nunca vi um ornitorrinco de perto. Posso te dar conselhos semelhantes em relação a cabras montesas, a suricates, gnus e harpias, as mais complicada de todas, porque quando ela resolve retribuir — rapaz, já viu as garras delas?

significado de canalha e safado
Seu marido?

menages da idade media
Era uma loucura. O senhor pegava as vassalas, o cavalariço pegava milady, ninguém era de ninguém. Só o bobo da corte, coitado, não se dava bem. Bastava ele tirar seus borzeguins e a mulherada caía na risada.

pus penis
Várias pessoas procurando isso. É impressão minha ou este blog de boa família se tornou o destino preferido de 10 entre 10 blenorrágicos?

consuelo badra 1981
Você é uma pessoa ruim, sabia? Alguns momentos na vida de uma pessoa devem ser esquecidos, mesmo por aqueles que não gostam delas. É uma questão de solidariedade humana. Por que lembrar que a moça levou uns catiripapos do namorado na saída de um motel? O que ela lhe fez para que você, quase um quarto de século depois, continue a remexer nisso?

fotos de anorexia nua
De mulheres anoréxicas já devem ser meio esquisitas. Agora, da própria anorexia são impossíveis. Ela é tão magra, mas tão magra, que você nem consegue ver.

altemar dutra – foi no último verão que lhe conheci então o amor logo nasceu
Mentira sua, porque Altemar Dutra morreu há uns 20 anos. A não ser, claro, que você seja médium. Espírita, mesa branca, umbandista, essas coisas de alma do outro mundo. De qualquer forma, se apaixonar por um defunto é meio falta do que fazer, não é? Eu sei que homem anda em falta, mas você está sendo radical demais.

razões de apelação tráfego de entorpecentes
Pelo visto, aquele sujeito que veio parar aqui há algumas semanas em busca de peças semelhantes viu que alegar que seu cliente era apenas usuário não colou — e o mesmo aconteceu com a alegação de que aqueles 15 quilos de maconha de Floresta, Pernambuco eram para consumo próprio. Mas eu não queria ter estudado na mesma faculdade que ele.

eu quero saber como que se escreve putaria em espanhol
Mané. Putaria não se escreve, putaria se faz.

hic et nunc aura temporal
“Hic et Nunc” era um programa exibido em Roma, aí pela década de 50 A.C., apresentado pelo Gilius Gomius e pelo Celsius Russomanus. Ia ao ar pela TV Fórum, se não me engano, e fez sucesso durante um tempo. Foi nele que Pompéia, aquela vaca, foi chorar suas pitangas depois de repudiada por César, dizendo que ela e Clódio eram apenas bons amigos, que aquilo fora só um mal entendido. Mas a casa caiu quando o exame de DNA provou que aquela criança não era filho de Júlio.

o que foi a lei teresoca no livro de rubem fonseca
Foi o porre que você tomou outro dia, para fazer uma confusão dessas.

legenda dos filmes de charlie chaplin
Veio ao lugar certo. Eu tenho todas as legendas de “Em Busca do Ouro”, “Tempos Modernos” e “Luzes da Cidade”. Mas as minhas preciosidades mesmo são as legendas dos curtas que Chaplin fez no começo da carreira. Diálogos impressionantes, parecem coisa de Billy Wilder e I. A. L. Diamond.

acidez vaginal morte dos espermatozoides
Também conhecida como “A Xoxota da Morte”.

A nova onda do imperador

O Inagaki colocou os pingos nos ii no que diz respeito à ajuda americana às vítimas da onda: seria o equivalente a 42 horas de ocupação do Iraque.

(De lá para cá o valor total prometido por Colin Powell aumentou para 432 milhões de dólares, com o aceno de mais se necessário. Os números atualizados podem ser encontrados aqui.)

Mixaria? É, relativamente é. Não é nada que se compare ao bilhão de dólares prometido pela Austrália, por exemplo (embora metade desse bilhão seja em empréstimos). Alemanha e Japão também ofereceram mais dinheiro que os Estados Unidos. Michael Schumacher, dando 10 milhões, deu proporcionalmente muito mais dinheiro que os Estados Unidos.

Mas ao mesmo tempo é bom lembrar que, pelo menos nesse caso, há um outro lado. E ele pode ser explicado em uma analogia simples: não acho que um mendigo tenha o direito de se irritar por eu ter lhe dado 1 real na saída de um restaurante onde deixei 100. Posso até achar que não devo dar o dinheiro porque o mendigo vai gastar tudo em cachaça — como se houvesse, para ele, coisa mais sensata a fazer. Não interessa. O dinheiro é meu e gasto como quiser. Do seu ponto de vista, os americanos têm o direito de gastar 120 bilhões no Iraque, e nenhum dever objetivo de ajudar as vítimas do maremoto. É dinheiro deles.

Claro, pode-se reclamar que, já que eles se pretendem os donos do mundo, têm também a obrigação de dar a maior contribuição. É um ponto de vista válido. Mas este blog, pelo menos, passou um ano reclamando justamente disso, dessas pretensões imperiais. Se eu acho que eles não têm o direito de mandar no mundo, não posso achar que têm a obrigação concreta de lhe dar dinheiro.

Já estou velho demais para saber que, quando alguém tem a obrigação de lhe dar dinheiro, se sente no direito de dizer o que você deve fazer com ele. E isso é tudo o que eu não quero ver os Estados Unidos fazendo. Sua lista de prioridades está bem clara na diferença entre o dinheiro atolado no Iraque e a ajuda humanitária ao Índico. Legitimar esse comportamento é um perigo.

***

Da série American Idiot:

Em fóruns freqüentados pelos direitistas americanos, há alguns dias eles chafurdavam na informação de que, enquanto os EUA tinham doado 35 milhões de dólares, a França tinha doado apenas 130 mil.

A informação era falsa, claro, mas isso não é uma surpresa para quem acompanha as estratégias republicanas.

O curioso em tudo isso é que o problema deles seja especificamente com a França. Não se importam com a Alemanha que doou mais, por exemplo, ou com os vários outros que doaram muito menos (muito embora apenas a Índia, sem condições, a China, sabe Deus por quê, e a União Européia tenham dando menos proporcionalmente à sua população).

Há algo de edipiano, aí. Ou então, de um profundo complexo de inferioridade.

***

Este é o primeiro e último post minimamente relacionado à tsunami neste blog. O motivo: mesmo reconhecendo a dimensão única da tragédia, mesmo racionalmente sabendo que 150 pessoas morreram, não consigo sentir nenhum vínculo emocional com ela. 150 mil pessoas mortas, mesmo exibidas na TV e nas fotos de defuntos inchados que insistem em me mandar, são só uma estatística para mim, neste caso.

***

E ainda assim, dói saber que a maior parte do dinheiro arrecadado vai ser desviado.

Manifesto da Associação de Proteção aos Tios Sukita

Rafael Galvão e Luiz Biajoni, membros-fundadores e Veneráveis Laranjas da Associação de Proteção aos Tios Sukita, vêm a público denunciar como sua inimiga número 1 a senhorita Anna Carolina, do blog Appothekaryum.

Esta senhorita declarou guerra à existência destes pobres solteirões à beira da decrepitude que acompanha a meia-idade, com provocações baixas e torpes personificadas na exibição de uma latinha de Sukita em seu blog, provocação clara ao sofrido e humilde co-fundador, o Venerável Biajoni.

A provocação chegou ao máximo quando, exibindo todo o seu desprezo, a senhorita Anna Carolina fez um comentário curto e grosso neste blog, em meio a sorrisinhos perversos. Falou o que falou porque sabe que nós, tios Sukita, já estamos fora da tal categoria. A gente simplesmente tem que encontrar alternativas. E a mencionada pela malvada não é uma delas.

A senhorita Anna Carolina tentou nos humilhar e espezinhar. Em fotos no seu blog, exibe suas formas magras, numa provocação fria que muito se assemelha ao canalha que come uma banana diante da jaula dos macacos. Sabe que nós, tios Sukita, estamos mais acostumados a pelancas, peitos que beiram o umbigo, manchas senis nos braços e, no caso deste neo-fetichista, cotovelos ásperos e enrugados; no caso do velho fetichista que é o Venerável Bia, bundas moles.

Essa mulher vil chega ao limite da provocação ao anunciar que vai jogar suas calcinhas para o Wando, a quem obviamente considera ridículo, sabendo muito bem que o tal cantor é um dos símbolos de nossa faixa etária com sua boca de chupa-ovo e seus cabelos pintados. Fica dizendo que não podemos passar por adolescentes, o que é uma grande injustiça porque nos respeitamos: nossos suéteres pendurados no ombro não combinam com bermudões mostrando o rego da bunda. Nós somos coroas quase enxutos e nos orgulhamos dessa condição.

O que essa senhorita de maus bofes faz é chutar cachorro morto, é tirar dinheiro de pobre, é roubar dentadura de velho. Essa mulher sem coração debocha dos tios Sukita mesmo sabendo que, recentemente, o Venerável Biajoni levou um pé na bunda clássico de uma dessas Ninfetas do Demônio, transformado em post neste blog há alguns meses. Ela não tem coração.

Nada que nos surpreenda, no entanto. Essa mulher de má índole, capaz de atos vis como tomar um Batman das mãos inocentes de uma pobre criança, resolveu voltar suas baterias contra os tios Sukita, categoria que já tem seus próprios problemas de adequação ao mundo para nos preocupar. Não satisfeita em infernizar pobres crianças, em destruir todos os seus sonhos, resolveu também bater nos pobres velhinhos supra-assinados, retirando deles todas as esperanças de parecerem descolados.

Perversa e má, a senhorita Anna Carolina — que bem poderia ser parecida com a sua xará cantora, dizer que gosta de mulher e nos poupar tamanha humilhação — debocha de nossas existências e assume um tom provocador que, embora sejamos homens de paz e amor (principalmente paz, porque amorzinho meia-bomba só 3 vezes por mês e olhe lá), nos obriga a tomar uma posição firme e com os punhos em pé — inclusive porque, a esta altura da vida, punhos são a única coisa que ficam em pé.

É chegada a hora de darmos um basta a isso. Essas meninas que se recusam a ser seduzidas por nós, tios Sukita com toda a carga de experiência que uma vida de cantadas infrutíferas em bares traz, devem ser denunciadas como inimigas de toda a humanidade. Essas meninas que vagam por aí apregoando as vantagens óbvias da juventude e que se tornam o pesadelo dos homens que suaram toda a vida para serem coroas legais precisam ser detidas, a qualquer custo.

A guerra está declarada.

Em nosso primeiro contra-ataque, anunciamos aqui que vamos colar a cabecinha ruiva da senhorita Anna Carolina na nossa Mulher Frankenstein Para Onanistas Fetichentos, maravilhosa colagem concretista desconstrutivista com o melhor de cada mulher deslumbrante. Essa será a nossa vingança, a primeira em uma guerra que prometemos encarniçada e sem tréguas. A senhorita Anna Carolina, aquele ser perverso que se compraz em debochar dos velhinhos, verá o que acontece quando ela cai na mão — literalmente — de jovens bobinhos e cheios de hormônios.

À vingança!

À vitória!

Moema

Julieta é a menina-moça que personifica a urgência da juventude — pressa em amar, pressa em morrer — com aquela conversa fiada de “O happy dagger!, this is thy sheath“. Até na hora de morrer ela insistia em fazer drama, mulherzinha chata que não teve coragem de fugir com seu homem — na verdade, homem em termos, porque aquele menino nervosinho era outro songa-monga.

Nada disso a impediu de se tornar a heroína romântica por excelência.

Enquanto isso, do lado de cá do Equador, um mulher fez um sacrifício ainda maior, e mais significativo. Mas poucos reconhecem a dimensão do ato de Moema, sua disposição de morrer sem nenhuma condição, sem pedir nada em troca, menos ainda uma outra morte.

Não é, não pode ser Julieta o símbolo do amor. Mais amou Moema, que nadou sem esperanças atrás do navio que levava sua irmã e seu amado para a Europa, para as terras de onde veio Caramuru.

Julieta e outras da mesma laia são heroínas porque os poetas que as imortalizaram tinham uma visão deturpada e masoquista do amor. Julieta fez seu homem morrer; o destino do desgraçado que amou Heloísa foi ainda pior. Para esses europeus, que não sentiram o gosto do dendê, que não sentiram o cheiro da brisa que sopra do mar de Itapuã, o amor é um jogo de trocas.

Julieta não teria morrido se tivesse levado um pé na bunda. Teria amaldiçoado o sujeito que a levou para a cama, a enrolou com aquela conversa de rouxinol ou cotovia e deu no pé atrás de outra besta. Em vez disso, teria amaldiçoado os Capuletto, teria dito que seu pai — aquele sim, um homem de verdade — é quem tinha razão, que aquela raça tinha sangue ruim.

Mas foi justamente isso o que Moema fez, abandonar-se quando percebeu que seu amor jamais seria. E mesmo nesse momento ela não desistiu, simplesmente: até o fim ela foi em busca do homem que amava e àquela altura não mais por ele, mas por ela mesma. Sabia que a caravela não iria parar porque ela nadava atrás de Diogo, sabia que os homens em terra, incapazes de compreender o amor tão grande que ela sentia e encantados com suas miçangas e espelhos, pouco ligavam para seu destino. Mesmo assim, Moema nadou.

E um cínico, coitado, diria que ambas não passaram de otárias.

E o mundo não acabou

E-mail recebido do Marcus:

Esse trecho de Nostradamus tem sido interpretado por especialistas como uma possível referência ao tsunami do Índico. Não tenho opinião formada, mas repasso pra vocês formarem sua opinião.

(leiam com atenção)

Após a grande celebração
A ira de um inimigo sem nome surgirá dos mares
Milhares de vidas serão levadas, para um propósito macabro
A fome do gêmeo começará a ser saciada

Um gêmeo será encontrado num monastério,
originário do sangue nobre de um monge muito velho.
Seu ruído será grande por seu partido, sua língua e o poder de sua voz;
por isso, pedirão que seja levado ao poder o gêmeo sobrevivente.

Poucos dos muitos retornarão, vitorioso o inimigo sorrirá
Os derrotados perderão seus nomes
A paz reinará por pouco tempo antes que o outro gêmeo aja
E o novo mundo será igualmente atingido.

Levei Nostradamus a sério quando tinha 15 anos e li um livro dele. Não demorou muito para que eu criasse juízo. Não apenas por uma questão de ceticismo, mas porque não demorou muito para que eu percebesse que sua arte estava em falar umas coisas tão complicadas que as pessoas poderiam interpretar como quisessem. Para isso ele era deliberadamente vago, e suas centúrias eram como nuvens às quais a gente dá a forma que quer.

Neste caso específico, o que acontece é uma fraude das grossas. São três estrofes diferentes sem ligação uma com a outra. Dessa forma eu consigo dar consistência a qualquer teoria. É mais como menos como jogar seis vezes na Mega Sena, acertar um número de cada vez e levar os seis bilhetes na Caixa Econômica reclamando o prêmio. A diferença é que no que diz respeito a Nostradamus as pessoas acreditam, ou pelo menos discutem e fazem posts sobre isso; na Caixa apenas ririam de você enquanto chamavam a segurança.

A última estrofe é provavelmente a pior de todas. Tenho certeza de que já foi interpretada como o ataque terrorista ao World Trade Center. E nesse jogo, por agradável que seja, não deveria valer reciclagem.

Enquanto eu procurava essas centúrias, para ver se havia algum contexto nelas, me bati com outras deliciosas. Descobri que, embora ele tivesse o cuidado de espalhar fumaça sobre suas previsões, de vez em quando, seguro, ele se arriscava a dar datas. Esta estrofe é provavelmente a mais famosa delas:

In the year 1999 (and) seven months,
From the sky will come a great King of Terror
He will resurrect the great King of Angelmois
Before and afterwards Mars rules happily.

Ele citou uma data porque vivia no século XVI. Quando descobrissem, posso assegurar que para ele não ia importar mais. 1999 passou, o rei de Angelmois, seja ele quem for, continua defunto. Mesmo assim ainda deve ter gente que tenta validar isso apelando para o calendário juliano ou coisa que o valha. Paciência. Mas já que a gente pode interpretar como quiser, espero que ninguém tenha a pachorra de dizer que a intepretação que vem a seguir está errada.

Em julho de 1999 eu morava em Fortaleza e estava gravando um comercial em Salvador. Não parava de chover e eu já estava ficando aterrorizado com a perspectiva de não ter um filme para entregar no prazo. A chuva era o Rei do Terror que vinha dos céus. Como não aconteceu nada digno de nota naquele mês, nenhuma tsunami, nenhum terremoto desses que matam mais de mil, nenhuma bombinha nuclear e o incompetente do Osama estava dois anos atrasado, eu garanto que a minha interpretação está correta. E o mais engraçado é que ninguém pode provar, cabalmente, que não está.

Tem mais:

To an old leader will be born an idiot heir,
weak both in knowledge and in war.
The leader of France is feared by his sister,
battlefields divided, conceded to the soldiers.

É Bush. Quer apostar que é Bush? No entanto, ao longo dos séculos, imagino o número de líderes não foram apontados como o sujeito dessa estrofe.

New law to occupy the new land
Towards Syria, Judea and Palestine:
The great barbarian empire to decay,
Before the Moon completes it cycle.

Posso interpretar isso de duas formas diferentes. Pode ser o estabelecimento de Israel. E pode ser a criação de um Estado palestino. É essa a graça de Nostradamus: ele pode ser o que você quiser.

No fim das contas, a melhor definição de Nostradamus vi em um dos sites aonde o Google me jogou. Seguinte:

Nostradamus did for bullshit what Stonehenge did for rocks.

E estamos conversados. Mas se mesmo assim você quiser ler as tais centúrias, você as encontra, em inglês, aqui.

Pedi e vos será dado

O Bia, aquele senhor com quem não falo há 8 meses, perguntou que cara de pidão é essa daí de cima, e lembrou: pidão é o Alexandre.

Alguém faça o favor de dizer a esse senhor com quem não falo há 11 meses que, depois de ler a Prisão Vergonha do Dale Carnegie Alex, estou pensando em deixar esse meu orgulho besta de lado e seguir o seu exemplo.

O sujeito é meio podólatra, você já deve saber. E um sem-número de leitoras o agracia com imagens de seus pés nus, voluptuosos, curvos, bicolores. Fico imaginando o Alex babando e tremendo enquanto olha as fotos, mas deixa pra lá.

Eu não fui agraciado pelas Parcas, sempre elas, com essa preferência. Eu sou um sujeito desgraçadamente normal. Continuo achando pé uma coisa que serve apenas para você andar, para doer no fim do dia se você é balconista e para dar topada, mas aprendi a respeitar o fetiche dos outros. Na verdade, até acho chique, moderno, bem de acordo com esses tempos em que a sacanagem cresceu tanto em importância. Fetiche. Soa bem. Fetichista. Soa melhor ainda.

Por isso pensei: o Alexandre pede fotos de pés e recebe. O provérbio bíblico. Ah, eu vou entrar nessa também.

O único problema é aquela falta tediosa de fetiches, então resolvi achar algum. Não é algo fácil de resolver. O óbvio — peitos, bundas, coxas, ventres depilados em forma de Minnie Mouse — é só isso, óbvio. Panturrilhas bem feitas são legais, mas uma apreciação estética não é um fetiche.

Tomou um pouco de tempo, mas descobri um fetiche digno desse nome. Algo único, verdadeiramente singular.

Cotovelos.

Não conheço ninguém que tenha tara por cotovelos. Ninguém, ninguém dá a mínima por cotovelos. Mera articulação relegada ao descaso, não merece sequer uma nota no rodapé da história. Ninguém jamais ouviu falar no cotovelo de Cleópatra, no cotovelo de Catherine Zeta-Jones. Helena causou uma guerra e a destruição de Tróia, mas ninguém sequer olhou para o seu cotovelo alabastrino. Lady Godiva montou um cavalo branco e saiu nua por aí, mas alguém notou seu cotovelo macio e delicado? Ninguém.

Eu, finalmente dono de um fetiche, e dono de um fetiche só meu, vou reparar essa injustiça histórica. Portanto, caríssimas leitoras, podem mandar fotos dos seus cotovelos.

Hospedagem

Os problema com servidores que enfrentei na virada do ano me ensinaram algumas coisas, e parecem ter desestimulado o Idelber a ter o seu próprio domínio.

Não acho que meus problemas devessem tirar do Idelber essa vontade — incontrolável em um bloguista –, mas essa deve ser uma daquelas regras universais imutáveis: você vai ter problemas com seu servidor de hospedagem, cedo ou tarde, grande ou pequeno. Não há como fugir dela. Por isso, se alguém vai escolher um provedor, a coisa mais importante a ser definida é a questão do suporte. É isso que realmente faz a diferença.

Como eu me viro com o básico, preferi escolher o provedor mais barato que oferecesse o mínimo de que eu precisava. No caso da Sunhost, o que parecia ser um bom atendimento se revelou deficiente na primeira consulta; no caso da AddAction, o atendimento superou minhas expectativas. No final das contas, não foram eles quem resolveram totalmente meu problema (relacionado a permissões: o Movable Type define o CHMOD do PHP como 666; alguns provedores, como a AddAction, exigem que seja 644. A mudança é feita no mt.cfg e é extremamente simples, mas como tudo que é simples neste mundo, me tomou 48 horas até descobrir), mas sem sua investigação e esforço eu não teria descoberto nunca. E outra coisa: enquanto o suporte da Sunhost era rápido em dizer que “não oferecemos suporte a Eudora, não oferecemos suporte a Movable Type”, a AddAction não vacilou em tentar resolver o problema.

Qualquer primeiranista de marketing sabe que, para o consumidor, mais importante que a solução é notar o empenho em oferecê-la.

(E nessas horas você fica grato à corporações americanas explorando seus funcionários durante o Ano Novo. O capitalismo predatório é sempre bom para quem paga.)

Mas se você não entende e não quer entender sequer desse mínimo, o mais recomendável é escolher um provedor que lhe ofereça um suporte de alto nível. Normalmente o preço é mais alto, mas vale a pena. Por exemplo, um desses bons provedores é o Vilago, do Cris Dias, especializado em hospedagem de blogs. A Mônica e o Guto hospedam três blogs lá, e não têm absolutamente nenhuma queixa — pelo contrário. Porque é isso que faz diferença, saber que tem alguém tentando resolver o seu problema quando você precisa.

As gracinhas do senhor Biajoni

O senhor Luiz Biajoni, com quem cortei relações há meses, me mandou “Pulp”, de Bukowski, como presente de Natal. Junto, mandou as duas edições impressas do Tiro e Queda.

Feliz, agradecido, lá fui eu folhear o livro e ler os jornais. Talvez por isso só tenha prestado atenção ao envelope muito tempo depois.

O indigitado senhor não resistiu à tentação de incluir seus comentários sarcásticos e ferinos. Ali está, no que deveria ser apenas meu endereço: “Ed. Stephanie (ui!)“.

É por esses pequenos detalhes que eu não falo com esse senhor.