Zilma, professora de português, entra na sala.
— Rafael, trouxe o livro?
— Não.
— Saia.
— Professora, eu não fiz nada!
— Mas vai fazer. Saia.
Santos, professor de inglês, cuja tese de que “tchê” era uma palavra e “oxente”, não, gerou algumas discussões:
— Vocês sabem quantas vezes as bombas atômicas que os Estados Unidos e a União Soviética têm podem destruir o mundo?
Eu levanto a mão.
— Uma, professor.
— Nada disso! São mais de 500!
— Uma, professor.
— São mais de 500!
— Só tem um mundo, professor.
Rosa Virgínia, de geografia:
—… Nostradamus preveu que o mundo…
— Nostradamus não preveu nada, professora.
— Como não? Eu tenho o livro!
— Dizem que ele previu algumas coisas. Mas não preveu nada.
Zilma me pega dando cola a Fabiano numa prova e me tira um ponto.
A redação daquele dia foi mais ou menos assim:
“Algumas pessoas xingam suas professoras. Xingam de vagabunda, de piranha, até de coisas ainda mais feias como prostituta. Isso não se deve fazer. Isso é feio.”
Dênisson quebra o pau com Santos e vai para a coordenação de disciplina, que julga o caso grave o suficiente para ir ao padre. Enquanto ele espera, me sento ao seu lado para fazer companhia.
Inara volta e leva os alunos que estão ali para a sala do padre Carvalho. E diz para eu ir também. Não adiantam os meus protestos de inocência. Eu também vou para o padre, revoltado com tamanha injustiça, reiterando meus protestos de inocência, enquanto alguém — Paulo? Dênisson? — enfia a mão no aquário e tenta matar os peixes do padre. Foi a única vez que o padre Carvalho não passou a mão na minha cabeça. Não gostou muito dos meus protestos.
O Arquidiocesano tinha acabado de inventar a punição retroativa. E talvez a preventiva.
Hehehehe, adorei as historinhas…
Eu tenho uma verdadeira, quando eu e meu irmão gêmeo sentávamos na primeira fileira da sala, e ficávamos trocando olhares cúmplices quando nossa professora Zuila (nunca esqueci esse nome!!!) dizia coisas como essa, referindo-se ao estado de Iowa:
– Olha gente, vamos pronunciar certo: não é “IOVA” não, viu? É “IOUA”, o W tem som de U…
Ou essa:
– A maior cidade americana tem um nome em português que é melhor usar. Vamos usar “NOVIORQUE”, porque ficar falando “NIORQUE” é coisa de gente exibida…
Ops, só agora percebi que as suas são verdadeiras também. Foi mal aí…
Não posso dizer que fosse um santo, mas um professor de ciências entrava na sala e perguntava: “Allan, vamos estudar ou contar piada?” E fazia o que eu dissesse, sem insistir. Mas eu respeitava os limites que ia descobrindo. Corrigir professor é atitude suicida. Como foi que você sobreviveu? 🙂
Ciao
Bem feito! Como diz minha mãe, você parece que não era boa bisca camarada. Abraço.