Salvador, conversando com um amigo num boteco.
— Rafael, tem uma festa de 15 anos ali no Cabula pra gente ir. Vamos?
Vamos. Entramos na festa lotada e Waltinho pergunta:
— Como é o nome da aniversariante?
— Adriana.
De repente, algo me diz que não fomos convidados para a festa.
Mais uns passos e Waltinho comenta com alguém que passa:
— A Adriana está linda, né?
Vejo duas mulheres e me afasto de Waltinho. Começo a conversar com elas, falo umas gracinhas. Uma delas já está na mira. Elas são amicíssimas da aniversariante, cujo ar da graça até agora não vimos.
— Você conhece a Adriana?
— Não.
— Você veio com quem?
— Com Waltinho.
— Quem é Waltinho? E quem convidou ele?
— Ninguém. Ele entrou de penetra.
— Quer dizer que você é penetra?
— Não, sou convidado. O Waltinho me convidou.
E a conversa continua, elas me chamam de descarado enquanto riem, aquela moça olha diferente para mim, até mesmo sou apresentado à Adriana — que não estava tão bonita assim.
Algumas horas depois, eu sentado numa escada esquecido da festa, me aplicando em descobrir mais detalhes da anatomia da moça, e Waltinho aparece com dois copos de uísque na mão. Nada demais, se todos ali não estivessem bebendo cerveja.
10 anos se passaram, e ainda continuo convicto de que nunca dois penetras foram tão bem tratados em festa alguma.