Um bebê foi submetido, em Miami, a um transplante recorde: recebeu 8 novos órgãos.
A questão é: esses oito órgãos teriam servido para garantir a vida, provavelmente, de oito outros bebês que só precisavam de um órgão cada.
É esquisito falar de vidas como se falássemos de números. Mais esquisito ainda porque se trata de um bebê — temos um respeito especial pela vida de crianças, um respeito que normalmente não temos pela vida de um adulto.
Mas do ponto de vista da sociedade, o que é realmente importante? O que seria mais válido? Se devemos nos esforçar para salvar uma vida, qual esforço tem mais valor? O máximo que podemos dar de nós mesmos para um só ou o suficiente para oito?
Pode-se argumentar que uma criança que precisou de 8 órgãos para continuar viva tem problemas crônicos para sobreviver. E que dificilmente esse transplante múltiplo terá sucesso.
Por outro lado é uma vida, e deve-se fazer o possível para preservá-la.
Isso me lembra um caso que vi na ABC News há muitos anos, na época em que a Bandeirantes exibia esse jornal. Uma criança com uma deficiência sem solução (não lembro se era paralisia cerebral) tinha seus custos médicos pagos pelo seguro social. E vinha crescendo uma espécie de celeuma entre aqueles que se auto-intitulavam contribuintes: eles não achavam justo que se gastasse o dinheiro deles, que poderia ser gasto de forma mais pragmática, em um caso sem solução, cujo único objetivo era manter vivo um ser sem esperanças de vida.
Até que ponto o coletivo deve suplantar o individual? Qual o limite de esforços para preservar uma vida? Duvido que essas perguntas tenham resposta.
Opa, aí entro eu. Estamos falando da minha área! hehehe
Seguinte, Rasti: em primeiro lugar, lá não faltam órgãos. Até banco de sangue dispensa doadores, tamanho o número de pessoas com consciência.
Depois, quando existe uma chance, por menor que seja, temos todos a obrigação de tentar. É um princípio da medicina.
Eutanásia é um tema complicado. Mas duvido que houvesse um consenso ou, pelo menos, uma maioria absoluta que decidisse matar o menino com paralisia cerebral.